(Piracicaba-SP, 16/8/1916 +Jundiaí, 9/1/1992) – Poeta, declamador, repentista e compositor. Roque de Barros veio para Jundiaí aos 12 anos, passando a residir no bairro da Ponte São João, cujo desenvolvimento acompanhou ao longo de 60 anos, cantando-o em prosa e verso. São de sua autoria os livros Ponte Que Te Quero, Ponte (1988), O Poeta da Ponte (1988) e Salto dos Meus Tempos de Rapaz (1989), todos publicados pela Literarte. Como letrista e compositor, escreveu a marcha-hino Cidade das Chaminés, musicada pelos maestros Orestes Pellicciari e Arthur Vasques, para a Festa da Uva de 1955; o Hino ao Mobral, musicado pelo maestro Luiz Biela de Souza, para a comemoração do 5º aniversário do Movimento Brasileiro de Alfabetização (1971); Samba Também é Serviço (em parceria com Rubinho Torricelli); e Meu São João, hino em homenagem do Clube São João, com música dos irmãos Torricelli. Sobre ele, escreveu Fábio Rodrigues Mendes: “O poeta Roque de Barros é uma das mais expressivas figuras da trova brasileira. (…) Cantando a alma da terra, o poeta se identifica com o que temos de mais puro e autêntico.”
Serra do Japy
Quem olha aqui de baixo
não percebe e não vê
quanta riqueza e poesia
tem dentro de você.
Aí no alto a passarada,
toda alegre e entusiasmada,
começa bem cedo o dia.
Nesse conjunto de beleza,
é a própria natureza
quem comanda a sinfonia.
Quando a noite vem chegando
e o Japy travesso imitando,
as bicharadas no capoeirão,
como é bonito, seu moço,
lá na serra o alvoroço
dos passarinhos em confusão!
Unindo as fontes benditas
com as matas infinitas
Deus construiu esse colosso
e ofereceu a esta cidade
que foi ninho de felicidade
de Rafael de Oliveira, o moço.
Os forasteiros que aqui vêm
respiram com força também
o teu ar, Serra do Japy,
e levam consigo na lembrança
o valor nobre e a pujança
de teus filhos, Jundiaí!
Roque de Barros