RÁDIO DIFUSORA JUNDIAIENSE

Benoit Certain, Nelson Loda, Alice Romancini, Gonzaga Martins, Francisco Montes no antigo estúdio da Difusora, em 1947. Ao piano, Jahyr Accioly de Souza.

Primeira emissora de rádio de Jundiaí. Autorizada pelo Ministério da Viação no mês de maio, a Rádio Difusora Jundiaiense entrou no ar em 24 de junho de 1946, com o prefixo ZYE-6, sintonizado na frequência de 1570 khz, operando, em caráter experimental, com a potência de 100 watts. Seus estúdios e auditório ficavam no piso superior do jornal A Folha, à Rua Barão de Jundiaí, 394, ocupando um espaço de aproximadamente 40 metros quadrados. Ali esteve instalada também a sua torre de transmissão provisória, que depois foi substituída por outra, com 56 metros de altura, construída na Vila Progresso. Seu equipamento, como descrito pelos jornais da época, A Folha e A Comarca, era dos mais modernos, compondo-se de “uma boa mesa de controle de som, com todos os requisitos necessários, de dupla ação, para execução de músicas em gravações, com mesa auxiliar, também de dupla ação, como a precedente, dispondo de outra mesa para locutores, bem instalada, havendo, ainda, o aparelho transmissor e modulador de som, e contando mais, com três microfones, sendo dois no estúdio e um no auditório, além de uma discoteca bem equipada”. Toda a aparelhagem, de fabricação RCA Victor, fora adquirida na Casa Byingthon & Cia, na capital, tendo colaborado para a sua instalação o prefeito José Romeiro Pereira, o rádiotécnico José Alves de Oliveira e os srs. J. Klovrza, Mário Piola, Alex Saska Sandor, Salvador Ferrari e Rosário Buchene, entre outros. A inauguração – Alto-falantes instalados na Praça da Matriz permitiram aos populares acompanhar a cerimônia de inauguração da rádio, feita na parte da tarde, nas dependências do Salão Paroquial da Matriz de Nossa Senhora do Desterro, com a presença do Cardeal Arcebispo de São Paulo, D. Carlos Carmello de Vasconcellos Motta; do Secretário da Fazenda, Dr. Antonio Cintra Gordinho (que também representou o Interventor Federal no Estado de São Paulo, Embaixador Macedo Soares); do Dr. José Romeiro Pereira, Prefeito do Município; do Deputado Novelli Júnior (patrono da emissora); do Dr. Ernesto Gurgel Valente, representando o Chefe de Polícia do Estado, Prof. Pereira Lira; do Comandante do 2º Grupo de Artilharia de Dorso, tenente-coronel Cyro Nole de Athayde; Dr. Oswaldo Przewolowski, representando o diretor dos Correios e Telégrafos no Estado; Dr. José de Castro Carvalho, Diretor Regional dos Correios; jornalista Joel Baran, redator do El País, representando jornais latino-americanos no intercâmbio cultural Paraguai-Brasil; Benedito Xavier Pinheiro e João Batista Vasconcelos, respectivamente, diretor e redator-chefe da revista Letras; Padre Luiz Gonzaga Silva, secretário do Cardeal Arcebispo de São Paulo; Padre Marcondes Nitsch, da Federação e Confederação dos Círculos Operários; Padre Eduardo Roberto, diretor da Juventude Operária Católica em São Paulo; Monsenhor Francisco Bastos, diretor-presidente da Rádio Excelsior; Nicolau Tuma, locutor da Rádio Excelsior; Oliveira Neto, locutor da Rádio Difusora de São Paulo; Padre Arthur Ricci, (decano da Paróquia de Nossa Senhora do Desterro) e D. Abade Pedro Roeser , mentor do Mosteiro de São Bento. A primeira transmissão dos estúdios foi feita no período das 20h00 às 23h00, e contou com a participação do Conservatório Musical de Jundiaí, Sociedade Jundiaiense de Cultura Artística, City Swing Jazz, grupo Luar de Jundiaí, Domingos Semenzato (violonista), Deolindo Zarpão (tenor), Regional Inimigos do Silêncio, Jamil e Seus Cowboys, Trio Difusora, Maria Aparecida Mondanezzi e a dupla Alves e Pinheiro, dupla Irmãos Cunha, ventríloquo Vicente Alves, Regional de Luiz Gonzaga e outros artistas da cidade. Fase Experimental – A ZYE-6, em sua primeira fase, foi ligada ao Círculo Operário Jundiaiense, uma entidade criada e dirigida pelo Padre Octávio Gurgel e que mantinha na cidade várias farmácias, um hospital e outras obras em benefício dos trabalhadores. Daí a razão porque se anunciava como A Voz do Operário. Seu staff  era composto pelo padre Octávio de Sá Gurgel (diretor superintendente); Vital Gurgel Guedes (diretor gerente); José Alves de Oliveira (diretor técnico); Nelson Loda (locutor-chefe). A equipe se completava com Mário Piola Sobrinho e Antonio Nacarato (auxiliares técnicos); Francisco Montes (controlador de som); Agostinho Olivato Neto, Jair Trivelato e Antonio Cardoso (técnicos de som); Dionísio Fernandes Araújo, Antonio Cruz Lucena, Rubens de Oliveira, Fernandes Araújo, Nelson Wilson Barg, Lolita de Almeida, Olavo Nogueira de Sá, Alcino Pontes de Oliveira, Gonzaga Martins e Nelson Spinelli (locutores). Com o início das transmissões, José Seckler Machado e Armando Dainese também passaram a fazer parte da equipe diretiva. Spinelli, por sua vez, assumiu a chefia do Departamento Artístico, que então contava com Vicente Alves, Zalmin Horovitz, Cirilo Sola, Lourdes Canale, Inês Pereira, Wanda Campaner, Wanda Quartarolli, Leda Comissolli, Eunice Denardi, Jahyr Accioly, Mário Chaves, Deolindo Zarpão, Mário Mazzola e seu Regional E-6, Aroldo Moraes Júnior, Mário Augusto, Alice Romancini, Benedito Cardoso (Benê), Lourdes Chicone, Gaspar da Cunha, Domingos Semenzato, Avelina de Brito, Irmãs Tartarin e outros. Ainda nessa fase, foi criado o Departamento de Esportes, composto por José Pedro Raymundo, Gilberto Sudatti e Nelson Spinelli. Transmissões diárias – Depois de funcionar experimentalmente durante mais de cinco meses, com transmissões das 9h00 às 14h00, finalmente em 10/12/1946 a emissora recebeu licença do Serviço Radioelétrico do Departamento dos Correios e Telégrafos / Seção de Radiocomunicações, com autorização para funcionar diariamente das 9h às 14h e das 16h às 23h, de segunda a sábado, e aos domingos das 9h às 23h. Passados mais quatro anos, a Difusora era autorizada a utilizar um transmissor portátil de 30.020 kc, na frequência de 1570 kc em ondas longas e na faixa de 30.020 mc em ondas ultracurtas, possibilitando o início de suas transmissões externas. O uso de tal aparelho, como não podia deixar de ser, causou sensação enorme entre os ouvintes quando, pela primeira vez, no dia 25/12/1951, uma equipe de locutores chefiada por Tarcísio Germano de Lemos dirigiu-se ao bairro da Vila Arens para ouvir o povo nas ruas. E, do mesmo modo, quando foi feita a primeira cobertura esportiva, a qual teve como foco a “Corrida da Fogueira”, realizada no 2º Grupo de Artilharia de Dorso (atual 12º G.A.C.), e como principal ator o locutor esportivo da Rádio Gazeta, Aurélio Belotti, que fez a transmissão direta e simultânea do evento para a Gazeta e a Difusora. O mencionado equipamento também permitiu ao locutor Nelson Spinelli fazer a primeira cobertura de uma sessão da Câmara, em Jundiaí, ouvindo, “in loco”, os vereadores Dr. Armando Carvalho Fernandes Júnior, Dr. Alfredo Abaid, professor Lupércio Silveira (vice-presidente), Pedro Fávaro (líder da maioria), Hermenegildo Martinelli, Alberto da Costa e João Batista Curado, bem como o jornalista Júlio Murari, de A Gazeta, que fez comentários sobre a sessão. Primeiros acionistas – Foram acionistas da emissora, na fase da sua implantação: Padre Octávio Gurgel Guedes (sócio majoritário), Vital Gurgel Guedes, José Alves de Oliveira, Mário Piola e João Moreno. Programas de auditório – Uma das principais atrações da emissora, nos seus primeiros tempos, foram os programas de auditório, onde se apresentavam os talentos musicais da cidade e também artistas que começavam a ganhar fama na capital. Era nos fins de semana que este tipo de programa acontecia, ora voltado para os cantores mirins, como o Clube Infantil Difusora e o Grêmio do Sesinho, ora para os artistas que já faziam parte do cast da emissora (o Prata da Casa), senão, a sua mescla com uma grande atração trazida da capital. Diante do sucesso desses programas, que eram apresentados  por Daniel Paulo Nasser, Wilson Martins, Tobias Muzaiel e Nelson Spinelli, e contavam com a animação do Regional E-6, liderado por Mário Mazzola, não demorou para que a direção da rádio tratasse de encontrar espaços maiores para a sua realização. Desse modo, já no início dos anos 50, tais programas foram transferidos para o Cine Ideal, que funcionava em pavilhão nos fundos do Grêmio Recreativo C.P., e, logo depois, foram levados dali para o Cine Theatro Polytheama. Os pequenos artistas da “ Era do Rádio” – Avelina de Brito, coordenadora do Clube Infantojuvenil E-6 e do Grêmio do Sesinho, reuniu em um album de receitas as descobertas culinárias das crianças, que, por um largo período, animaram as manhãs de domingo, cantando direto ao microfone da Rádio Difusora ou se apresentando nos cines-teatros Ideal e Polytheama. Era desejo de Avelina perpetuar na lembrança das pessoas a chamada “era do rádio”, quando os ouvintes se deleitavam com os programas e shows ao vivo, promovidos por esse meio de comunicação. Participantes – Em uma entrevista concedida ao Jornal da Cidade em 3/1/1986, Avelina relacionou mais de uma centena de participantes desses antigos programas da ZYE-6: Sônia Maria Pigaiane, Arnaldo Luiz Nogueira, Marly Gonçalves, Eurides Montes, Dirce Tâmega, Célia Janes, Afonso Pavani, Elaine Amoroso, Maria José Cayres Pereira, Nancy Quito, Maria Aparecida Fazolai, Ariovaldo Zanirato, Amélia Vasques, Benjamin Nogueira, Maria Emília Rouco, Ilda do Carmo, Marlene Spina, Dirce Róveri, Marlene Fabrício, Matilde Maria Ribeiro, Sílvio David dos Santos, Judith Machado, Cleusa Cayres Pereira, Maria Luiza Pandolfi, Décio do Espírito Santo, Carolina Augusta, Sergizele Maria de Oliveira, Zelinda de Freitas, Ader Tonelli, Antonio H. Tonelli, Edna Ferreira Paixão, Lázaro Heitor Machado, Leonilda Furlan, Marlene Gomes Pereira, Maria Helena Costa, Diógenes Dalara, Dulcinéia Fazolai, Luíza Garcia, Nadyr Boaventura, Cilene da Cunha, Osvaldo Crepaldi, Marly Conceição Berro, Maria de Lourdes Marques, Terezinha Ruiz, Terezinha Aragão, Maria Luiza de Almeida, Mirian Dorotéia Destri, Laura Merighi, Leda Terezinha, Alair de Almeida, Josefa Aparecida Marangoni, Ivone Caudálio, Abigail Cardoso, Antonio Marques, Aparecida Ruiz, Dagmar Nepomuceno, Marilena Pavanelli, Neyde Martins, Neusa Maria Garcia, João Nogueira, Alcyr Aparecida Faria Gaethe, Ana Bortolini, Lúcia Olga Chaves, Maria Cândida Motta, Edson de Oliveira Fernandes, Áurea de Assis, Cleide Teixeira, Antonieta Mesquita, Idair Neide Perboni, Ivete Santi, Isabel Bigas, Shirley Lessi, Álvaro Vanzan, Milton da Cunha, Mário Augusto, Wanda Blumer, Henrique Augusto, Alagoano Alegre, Zé Maria, Márcia Maria Fabiano Guaycurus, Antonio de Jesus, Ana Maria Puzoni, Conceição Aparecida Servadio, Marlene Vienne, Aldemar Penteado, Rafael Aparecido do Amaral, Álvaro Schiavi Jr., Luiz Roma, Neusa Maria Cayres Pereira, Neusa Magali Reis, Rubens Giarola, Angelina Montes, Maria Aparecida Passos, Maria Aparecida Rizatto, Maria Cecília Aragão da Silva, Maria de Lourdes Saltorato, Neusa Maria Batista, Neusa de Jesus Antonio, Marlene Dias, Janete Barros, Júlia Ferreira, Jamara de Souza Lima, Rosemary de Campos, Sueli A. Piacentini, Lygia Maria, Carmem Noely.  Convidados especiais: Hugo S. Leal, Hebe Camargo, Irmãs Galvão, Sebastião Chignolli, Dulcinéia de Souza, Sônia Maria Porce, Nhô Batista, Enéas Fontana, Genésio Arruda, Wanda Quartarolli, Mário Chaves e outros.

Vital Gurgel entrevista Benjamin Herman, no antigo estúdio da Difusora. À direita aparecem os radialistas Alfredo Maia e Nelson  Spinelli e o acordeonista Sebastião Chignolli. A fundo estão o músico Mário Mazzola e o poeta e compositor Benoit Certain.
Equipe esportiva da Difusora nos anos 1960. Arlindo Cardoso, Paes Netto, Hélio Luiz Lorencini e Wilson Martins (em pé, ao lado do fotógrafo do JJ, Juventino de Paula)

OS PEQUENOS CANTORES DA “ERA DO RÁDIO”

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EFEMÉRIDES
Em 27 de julho de ...
1889 Nascia em Campinas-SP o músico Argel Ferreira Leite.
1919 Nascia em Anhemby-SP o engenheiro agrônomo e escritor esotérico Joaquim Franco de Godoy.
2000 Falecia em Jundiaí, aos 71 anos, o cantor Durval de Brito Salles.
2000 Falecia em Jundiaí, aos 69 anos, o cantor Mosoer Felício.
2013 Falecia em Jundiaí, aos 84 anos, a cronista literária e de MBP Célia de Freitas.

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