NUCCI, CLÁUDIO JOSÉ MOORE

(Jundiaí, 9/6/1956) – Compositor, intérprete e músico. Nome artístico: Cláudio Nucci. Filho de José F.S. e Lilliam L.M. Nucci. Despontou para a música aos 11 anos, quando cursava o ginasial no Colégio Culto à Ciência, em Campinas e havia formado uma banda com a orientação do professor Reinaldo Leanza. Sua primeira composição data de 1968, quando com uma marcha-rancho venceu o festival organizado pelo Colégio Progresso. Em 1971, tendo estudado violão, mudou-se para o Rio de Janeiro para terminar o ginasial no Colégio Rio de Janeiro e venceu dois festivais realizados ali, incluindo a música Deixa Prá Lá. Cursou na mesma escola, Desenho Industrial e Comunicação, entre 1973 e 1975. Ali conheceu outros músicos, como Zé Renato e Cláudio Infanti, decidindo fazer uma viagem musical até Miami durante o mês das férias. Cláudio Nucci foi um dos fundadores do quarteto vocal Boca Livre (1979) cujo primeiro LP (de gravação independente) vendeu mais de 100 mil cópias em todo o Brasil. O carro-chefe do disco foi a música Toada, composta por ele, Zé Renato e Juca Filho, tendo ainda Quem Tem a Viola. Além disso, compôs para o – na época, iniciante – grupo Roupa Nova a canção Sapato Velho. As temporadas do Boca Livre lotavam o Teatro Vanucci e o Teatro Ipanema e, entre uma viagem e outra, Cláudio Nucci tornou-se presença esporádica também no bar Zé do Papagaio, em Jundiaí, comandado por Colinha e Paulinho Calasans. Também trouxe para a cidade Nana Caymmi, com quem teve relacionamento durante quatro anos. Em 1980, começou também carreira solo, gravando pela EMI-Odeon o compacto Quero Quero e em seguida o LP Cláudio Nucci (1981), quando dividiu o palco do Teatro Guaíra, em temporada popular, com grupos como Pau Brasil e cantores como Djavan, Fátima Guedes e Sebastião Tapajós. Em 1983 gravou Volta e Vai, com tema inspirado em Glauber Rocha e em seguida, Melhor de Três (1984). Em 1985 Cláudio gravou com Zé Renato o disco Pelo Sim, Pelo Não, que teve duas músicas incluídas na novela Roque Santeiro, da TV Globo. Com esse disco, viajou em dupla para o México em um projeto com o Circo Voador (de Perfeito Fortuna), seguindo depois para Boston (EUA) a convite do guitarrista Pat Metheny. Posteriormente, fundou com o parceiro, a banda instrumental ZIL – contando com os músicos Ricardo Silveira, Marcos Ariel, Zé Nogueira, Jurim Moreira e João Batista. Trabalhando com essa banda, em 1987, ganhou, junto com o poeta Cacaso, o primeiro lugar no Festival Som das Águas, organizado pela Prefeitura de Lambari (MG), com a música Dia do Juízo. Nessa época de diversidade da MPB, Cláudio manteve, em São Paulo, programas como o Fábrica do Som e grupos como a Banda Paulistana – da qual fez parte o também jundiaiense, Paulinho Calasans. Trabalhou, ainda, como diretor musical e cantor nas peças Amizade de Rua e Estúdio Nagasaki, do diretor Hamilton Vaz Pereira (o mesmo do grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone). Em 1988, a banda ZIL participou do Free Jazz Festival e gravou um disco pela Continental o disco Zil, que em 1990 foi lançado nos Estados Unidos, Japão, Itália, Alemanha, Inglaterra, Espanha e França pela Polygram, com destaque para a música Song For a Rain-forest. Seus arranjadores foram Wagner Tiso, Dori Caymmi, César Camargo Mariano, Eduardo Souto Neto, Jacques Morelenbaum, Gilson Peranzetta e Maurício Maestro. A partir daí, Cláudio fez inúmeros shows individuais e com artistas como Flávio Venturini, Luli e Lucina, Dudu Falcão, Marcos Viana e outros. Esteve também, nesse período, com um show na Sala Glória Rocha, no Centro das Artes, em Jundiaí. Iniciou também, um trabalho musical didático no Rio de Janeiro (na Escola Parque) com projetos de musicalização para crianças e adolescentes. Depois dessa passagem brilhante pelo lado instrumental, voltou a gravar, lançando em 1996, com o grupo vocal mineiro Nós e Voz o disco É Boi e, em 1997, um novo trabalho solo chamado Casa da Lua Cheia. Ainda em 1997, participou no disco Boca Livre 20 Anos Convida, que fez temporada em 1998 no Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo. Ao longo da carreira, Cláudio Nucci sempre criou novas composições – mais de 60 músicas – gravadas por intérpretes como Emílio Santiago, Zizi Possi, César Camargo Mariano, Roupa Nova e Boca Livre. Fez parcerias com Joyce, Aldir Blanc, Cacaso, Paulo César Pinheiro, Ana Terra, Abel Silva, Danilo Caymmi, Monique Hecker e Ronaldo Bastos, além de Zé Renato. Esteve ainda, em outras gravações, com Nana Caymmi (1982), Milton Nascimento (1979), Edu Lobo (1980), Dori Caymmi (1980), Guilherme Arantes (1980), Olívia Hime (1983), Chico Buarque em A Dança da Meia Lua (1987), Guinga e Aldir Blanc (1991), Iuri Popov (1991), Roberto Brant e Torrinho (1992) e Sérgio Mendes (1992), Eudes Fraga (1994). Em 1993 participou no CD No Tom da Mangueira, produzido por Hermílio Bello de Carvalho, na faixa com Tom Jobim, Cartola, Carlos Cachaça e Paulinho da Viola. No ano seguinte, com a cantora Clara Sandroni no songbook Ary Barroso, foi indicado ao Prêmio Sharp como melhor disco. Nessa época, Cláudio Nucci também começou a fazer shows com a cantora amazonense Eliana Printes. Um de seus mais recentes trabalhos de sucesso foi o CD instrumental Rio, em parceria com Márcio Resende e Alexandre Carvalho e participação de Marcelo Martins, Proveta, Jorge Hélder, Jorjão, Tuty Moreno e outros. Em 2000, Cláudio Nucci relançou seu disco Casa da Lua Cheia, gravado em 1998, através de uma lei municipal de incentivo à cultura. No mesmo ano participou do disco Villa-Lobos Coração Popular, de Mario Adnet, e voltou ao Boca Livre, no lugar de Zé Renato, que decidiu dedicar-se integralmente à carreira solo. Discografia: Cláudio Nucci (1981, vinil); Volta e Vai (1983, vinil); Melhor de Três (1984, vinil); Pelo Sim Pelo Não – Cláudio Nucci e Zé Renato (1985, vinil); É Boi – Cláudio Nucci e Nós & Voz (1995, CD); Casa da Lua Cheia (2000, CD). Participações: Banda Azul (1987, vinil); Boca Livre (1979, CD/Vinil); Participações em discos: Songbook Chico Buarque; Songbook Djavan; Boca Livre 20 Anos; Álbum de Teatro (Chico Buarque / Edu Lobo).

ALGUMAS COMPOSIÇÕES

Na direção do dia (Toada)

(José Renato, Cláudio Nucci, Juka)

Vem morena, ouvir comigo

Essa cantiga

Sair por essa vida aventureira

Tanta toada eu trago na viola

Pra ver você mais feliz

Escuta o trem de ferro

Alegre a cantar

Na reta da chegada pra descansar

No coração sereno da toada,

Bem querer

Tanta saudade eu já senti,

Morena, mas foi coisa tão bonita

Da vida nunca vou me arrepender.

De nós

Agnus Dei, do 2º movimento da suíte L’Arlésienne, de Bizet. Adaptação: Cláudio Nucci

Vai tanto amor

Pela estrada do bem-querer

Nessa manhã de sol

Que ilumina meu coração

Sempre é tão bom voltar

Novamente a ser

Companheiro de nós

Dando a vida

Por um sonho

Pra realizar

Como pode essa chama

Ser esquecida por tanta gente

Que não vê na manhã

A nova razão de renascer

Sem se prender inutilmente

Ser a semente

Como se fosse assim tão simplesmente

A vida

Só de amor

Asas a voar

Cláudio Nucci

No céu de uma criança

Tem tantas asas a voar

Tanta pombinha branca

Que não se pode imaginar

Infinito azul

Raio de amanhecer

Nuvem que pode ser

Tudo que se quiser ver

No chão de uma criança

Tem tanta transa de brincar

Tem ciranda e tem dança

Balanço e bola pra jogar

Terra de plantar

Plantinha de crescer

Chuva que vem molhar

Barquinho na enxurrada

No mar de uma criança

Tem um barco e um capitão

Homem que não se cansa

De aventura em seu coração

Onda pra furar

Fundo verde pra ver

Aprender a nadar

Peixinho colorido

No amor de uma criança

Tem tanta canção pra nascer

Carinho e confiança

Vontade e razão de viver

Fogo a se acender

Vento que vem soprar

Água que vai beber

Terra-do-nunca-esquecer.

Pelo sim pelo não

Zé Renato, Cláudio Nucci e Juca Filho

A primeira lambada que eu tomo

É pro santo e pra quem merecer

Vou lembrando do tanto

Que custa o sujeito aprender

Pelo sim pelo não uma reza pra Eus

Uma vela pro cão

É um às escondido na manga

E uma dama na mão

A segunda que eu tomo é comigo

Não jogo pra ser perdedor

Reparar na toada da vida

É que faz o cantor

Quando eu quero é assim

Nem tem bom nem ruim

Nem duzentos mil bois

Dou um nó na linha do destino

E desato depois

Eh! coração de ouro

Eh! solidão ingrata

Essa paixão maltrata

Tira qualquer razão

Queima pior que fogo

Corta melhor que faca

Eh! coração de ouro

Essa paixão me mata

Sapato velho

Cláudio Nucci, Maurício Carvalho, Paulinho Tapajós

Você lembra, lembra?

naquele tempo

eu tinha estrelas nos olhos

um jeito de herói

era mais forte e veloz

que qualquer mocinho de cowboy

você lembra, lembra?

eu costumava andar

bem mais de mil léguas

pra poder buscar

flores de maio azuis

e os seus cabelos enfeitar

água da fonte

cansei de beber

pra não envelhecer

como quisesse roubar da manhã

um lindo pôr do sol

hoje não olho mais

as flores de maio

nem sou mais veloz

como os heróis

é talvez eu seja simplesmente

como um sapato velho

mais ainda sirvo

se você me calçar

que eu aqueço

o frio dos seus pés

esquentar.

Deixa pra lá

Marcelo Chaves e Cláudio Nucci

No bate-papo ele chegou bem forte

Na mesa triste, ele falou mais alto

Caixa de fósforo marcou compasso

e ficou a esperar que toda gente se contagiasse

e ficasse a cantar…

No bate-papo, ele chegou bem forte

Na mesa triste, ele falou mais alto

Caixa de fósforo marcou compasso

e ficou a esperar que toda a gente se contagiasse

e ficasse a cantar

a sinfonia, mista de alegria

e de samba, no ar.

Chame toda gente amiga

Que der pra chamar

Chame o Zé

De uma esquina qualquer…

Chame até a grã-fina

Que nunca aprendeu a sambar

Chame toda a gente amiga

que der pra chamar,

Chame um Zé

De outra esquina qualquer…

Chame, ainda,

A menina tão triste,

Que vive a chorar.

Vem ajudar, que o samba é ginga

pra quem quer sambar.

Vem ajudar

que essa alegria vai te acompanhar.

Deixa pra lá

essa tristeza que quer te acabar.

Levezinho

Cláudio Nucci

Preciso de contar para você

Do vento que sopra dentro de mim

É passarinho levezinho, saltador

Sai nas asas do amor

Leva a vida por aí

Sem direção, sem querer parar

De coração a se deixar ir a um lugar

Sem conhecer

Preciso tanto de continuar caminho

Mas tão sozinho assim não pode ser

Eu me escondendo

Vou dessa maneira

Nessa brincadeira

Desaparecer

Preciso tanto de continuar, caminho

Mas tão sozinho assim não pode ser

Só pode ser se for

E for agora

Esse vento pra fora

Nosso amanhecer

A hora e a vez

Zé Renato, Cláudio Nucci e Ronaldo Bastos

Vê quantas voltas tem que dar o amor

Fica com medo de querer chegar

Paga promessa que não fez

Diz a verdade ao mentir

E não tem volta não

Olha no espelho e só vê o amor

Agora sabe que perdeu a paz

Jogou o laço e se prendeu

O inesperado aconteceu

A vez da caça e a hora do caçador

Eu não sabia que era pra valer

Até um dia encontrar você

A gente sabe que o amor não tem juízo

Mas brinca com feitiço

E quando se vê

Vai ser você

Vai ser você

Dono do meu coração.

Melhor de três

Cláudio Nucci e Cacaso

Deixa de queixa nega

Não vale a pena

Deixa de pena chega

Não vale a dor

Primeiro amor primeiro

Segunda vez terceira

Melhor de três

Não queira

Primeira dor

Mandei fazer um balaio

Das barbas do camarão

Eu juro que já não caio

Nas juras de uma paixão

Filho de peixe nega

Peixinho seja

Vê se me beija veja

De coração

Primeiro amor primeiro

Segunda vez terceira

Melhor de três

Não queira

Primeira dor.

Meu Silêncio

Cláudio Nucci e Luiz Fernando Gonçalves

Velho companheiro

Que saudade de você

Onde está você

Choro nesse canto a tua ausência

Teu silêncio e a distância

Que se fez tão grande

E levou você de vez daqui

Saiba companheiro

Algo em mim também morreu

Desapareceu

Junto com você

E hoje esse meu peito mutilado

Bate assim descompassado

Que saudade de você.




Cláudio Nucci, em uma de suas primeiras fotos
1981: Segundo disco independente

1985: Com Zé Renato, parceiro de canções para a novela Roque Santeiro

1983: Programa da Sala Funarte Sidney Muller (Rio de Janeiro)

Revista Contigo nº 50: Contra a discriminação da MPB

Revista Sétimo Céu

Na estrada

Com Olívia Hime, depois do show da amiga no Teatro Delfim (Rio de Janeiro)

Com Nana Caymmi: um romance que durou quatro anos

No grupo Boca Livre, muitos sucessos

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EFEMÉRIDES
Em 26 de julho de ...
1892 Nascia em Jundiaí o professor João Duarte Paes.
1904 Nascia em Jundiaí a pianista Maria Paes Costa.
1906 Nascia em Jundiaí o ator João Saltori.
1926 Falecia em Jundiaí, aos 70 anos, Boaventura Mendes Pereira, chefe político na cidade.
1927 Nascia em Jundiaí o músico e compositor Eraldo Pinheiro dos Santos.
1962 Falecia em Jundiaí, aos 67 anos, o jornalista e dramaturgo José Aparecido Barbosa (Juquita Barbosa).
1969 Falecia em Jundiaí, aos 56 anos, o músico Antonio Carelli (Nhô Zinho).
1970 Nascia em Jundiaí a musicista Luciana Feres Naguno.
1982 Falecia em Campinas-SP o ferroviário e voluntário de causas sociais Vicente Breternitz.

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