O prenúncio da abertura cultural no País, após longos anos de regime militar, foi o mote deste movimento idealizado por artistas e escritores jundiaienses, cuja eclosão se daria a 15 de março de 1985 – data prevista para a posse de Tancredo Neves como o primeiro presidente civil eleito pós-64. O QG do movimento foi instalado na sede da Editora Literarte, então localizada na Rua 15 de Novembro, 1369, e seguidas reuniões foram feitas para definir as suas propostas, com a participação de artistas como José Délcio Chrockratt, Eduardo Donato Müller, Issis Martins Roda, Suely Ferreira e Argemiro Saviolli, o poeta Aristides Prado e o jornalista Celso de Paula – todos com o ideal de trazer para Jundiaí o espírito da Nova República, de maior liberdade e incentivo às manifestações culturais. Cartazes, faixas, bandeiras e outros materiais publicitários foram confeccionados pelos próprios artistas, na véspera da posse do presidente eleito, e a sua apresentação foi marcada para a manhã seguinte, em frente à confeitaria À Paulicéia, no calçadão da Rua Barão de Jundiaí. Todos já estavam em suas casas quando, pela madrugada, foi divulgada pela tevê a notícia sobre a doença de Tancredo e a consequente suspensão da sua posse. Isto deixou perplexos os líderes do movimento, que passaram a trocar informações por telefone, estabelecendo-se, entre eles, verdadeira conferência eletrônica para decidir que atitude tomar diante da inusitada situação. Enquanto, para uns, nada mais havia a fazer, senão queimar os seus estandartes, para outros havia a esperança de que a notícia podia não ser verídica ou, então, estar associada a uma tentativa de golpe contra a posse do primeiro presidente civil eleito após a revolução militar de 1964. Optou-se, ao final, pela manutenção do ato público programado, independente do fundamento ou não da notícia, os estandartes do Movimento Nova República foram levados para o calçadão às 8h00 da manhã daquele dia, e ali foram deixados como símbolos do Movimento Cultural Nova República – breve epopeia de um grupo de artistas jundiaienses, cuja memória é resgatada por estas linhas.