DE PAULA, CELSO FRANCISCO

Araraquara-SP, 11/2/1948 – Jornalista, professor, editor e galerista. Filho de Domingos Francisco de Paula e Idalina Porcelli. Oitavo de dez irmãos e caçula de sete homens, sendo o pai simples servente de grupo escolar, Celso de Paula viu-se, desde cedo, dividido entre os estudos e o trabalho, dado a necessidade da contribuição de todos para o sustento da família. Enquanto aluno do Grupo Escolar Antonio Lourenço Correia, foi auxiliar de alfaiate e de tintureiro, vendedor ambulante de salgados e verduras e jornaleiro. Já cursando o Ginásio Estadual Francisco Monteiro da Silva, foi carregador de cestas e sacolas em feiras-livres, empregado doméstico, vendedor de carnês e tarefeiro em uma cooperativa de citricultores, aonde obteve o seu primeiro registro em carteira construindo caixas de madeira para exportação de laranjas. Em paralelo a essas atividades, dedicava-se, ainda, à compra e venda de jornais velhos, dos quais se serviam os feirantes e açougueiros para embrulhar as suas mercadorias. Das pilhas de jornais que arrematava nas residências, tinha por costume, antes da sua revenda, separar os suplementos e páginas de palavras cruzadas, com os quais se deleitava até altas horas da noite, resolvendo problemas e ilustrando-se sobre os mais variados temas. Da solução de palavras cruzadas, logo passou a cruzadista, e foi com uma centena de problemas armados que, aos 16 anos, se apresentou como colaborador do Diário da Araraquarense, quando esse órgão estava sendo implantado em sua cidade natal. A performance demonstrada como cruzadista valeu-lhe, de pronto, convite do redator-chefe, Roberto Barbieri, para que fizesse parte da equipe do jornal prestes a ser lançado. Depois de trabalhar alguns meses como plantonista junto ao Fórum, à Delegacia de Polícia e ao Pronto Socorro, passou a contar com uma coluna própria, à qual assinava com o pseudônimo Camões Mesquita. Em 1966, já cursando o Clássico e o Normal no Instituto de Educação Bento de Abreu (I.E.B.A.), com aulas nos períodos da manhã e da noite, transferiu-se para O Imparcial, onde passou a responder pelas colunas Na Polícia e nas Ruas e Destaques Estudantis, além de fazer a cobertura das sessões da Câmara Municipal. Por intermédio desse órgão, lançou, nesse ano, o primeiro concurso para a escolha da Rainha dos Estudantes de Araraquara e, concomitantemente, colocou em circulação o periódico Repórter Estudantil, destinado a difundir as ideias e os ideais da juventude de sua época. Esta segunda iniciativa, no entanto, acabou sendo abortada por um dos diretores da empresa, logo após a primeira edição, sendo ainda imposta ao autor a sua demissão da empresa, tudo em função do temor de que o Repórter Estudantil pudesse trazer prejuízos ao O Imparcial, em tempos de ditadura militar. A Celso de Paula não restou alternativa que não seu retorno ao diário concorrente, por meio do qual conseguiu levar a cabo, pelo menos, o concurso para escolha da Rainha dos Estudantes, o qual acabou por transformar-se no maior acontecimento social de Araraquara em 1966. Ainda nesse ano, no mês de novembro, De Paula associava-se a José Geraldo de Araújo Lima na edição da revista O Cartucho, que, havia doze meses, circulava no meio estudantil, tendo, para isto, que receber a emancipação dos pais, visto que contava apenas 18 anos. Poucos meses depois, por motivo da mudança de seu sócio para a capital, adquiriu dele a respectiva quota de ações na editora, tornando-se, dessa forma, proprietário único da publicação, que então teve o nome alterado de O Cartucho para Entrevista. Corria o ano de 1967, quando irromperam, pelas ruas, as passeatas estudantis contra a ditadura militar, estando nelas o jovem jornalista, então segundanista dos cursos que frequentava. Entre um protesto e outro de que participava, foi ele se apercebendo da gravidade da situação política, pois não lhe faltavam “conselhos” de pessoas ligadas à repressão para que deixasse a cidade. Foi deste modo que, no limiar de 1968, após desfazer-se da sua editora em Araraquara, Celso de Paula transferiu-se para Jundiaí, vindo fazer parte da equipe de redação do JJ, então comandada por Waldemar Gonçalves. No período de adaptação à cidade, De Paula concluiu o Curso de Habilitação ao Magistério nas Escolas Padre Anchieta (1968) e, paralelamente ao exercício do jornalismo, lecionou História Geral na Brasil Escolas Reunidas e no Curso de Madureza Bandeirantes. Ainda em 1968, atuou na sucursal do Correio Popular, de Campinas, e de 1969 a 1971, integrou a primeira equipe de redatores do Jornal da Cidade. Deixando o JC em julho de 1971, associou-se ao fotógrafo Luiz Carlos de Camargo na compra do Restaurante Ki-Chá, então localizado na Rua do Rosário (onde está hoje a matriz da Passarela), o qual acabou fechando três meses depois. De volta ao jornalismo, foi, em vários períodos, chefe de redação do Jornal de Jundiaí; sócio proprietário e primeiro redator-chefe do Jornal de 2ª Feira; jornalista responsável pelo Jornal de Louveira; fundador e redator-chefe dos primeiros jornais de Jarinu, Campo Limpo e Várzea Paulista e da revista Dia & Noite (Jundiaí). Também respondeu por várias outras publicações avulsas e periódicas, como a revista dos Jogos Operários do SESI (1982); revista dos Jogos Regionais de Jundiaí (1985); revista comemorativa do 92º Aniversário do Grêmio Recreativo C.P (1992); jornais Prato da Casa, Movimento Lojista, Além Viaduto, Jornal Cultural, Tribuna do Consumidor, O Anhanguera, Retreta e Informativo Cultural Literarte; todos em Jundiaí; Tribuna de Itatiba; jornal Elo (no CEAGESP); revista Nuevas de Espanha (São Paulo); jornal Sul de Minas (Pouso Alegre-MG); Nazaré em Notícias (Nazaré Paulista) etc. Em 1987 foi contemplado com Premiação Especial no II Concurso de Minicontos da Academia Feminina de Letras e Artes de Jundiaí pelo trabalho intitulado “Trec trec no trem”. OUTRAS ATIVIDADES – Desde a sua chegada em Jundiaí, em 1968, Celso de Paula tem o seu nome ligado aos movimentos artísticos e culturais da cidade, valendo recordar que, já naquele ano, ele estava à frente do Fundo de Assistência à Educação Brasileira (FAEB), uma ONG criada com o objetivo de facilitar aos estudantes o acesso ao livro escolar e fomentar entre eles o interesse pelas artes. Por meio desta ONG, realizou em 1969 a Primeira Feira de Trocas de Livros e a Primeira Mostra de Arte Moderna de Jundiaí. Mais tarde, por intermédio da Editora e Galeria Literarte, promoveu o lançamento de mais de 150 livros e realizou dezenas de exposições, inserindo no mercado novos valores nas áreas da literatura e das artes plásticas. Em dezembro 1977 liderou a fundação da Associação de Defesa do Consumidor (ADECON), primeira entidade social do gênero criada no Brasil, a qual manteve em funcionamento até o surgimento do Conselho Municipal de Defesa do Consumidor, instituído pela Prefeitura em 1985. Já em 1991/92, atuando junto à Casa da Cultura, presidiu a comissão organizadora do I Salão Nacional do Humor de Jundiaí; fez parte da comissão organizadora do Salão de Arte Jundiaí-92; criou o Cantinho Literário Roque de Barros e implantou o Projeto Cidade de Jundiaí, por meio do qual cerca de 50 mil estudantes foram levados a pesquisar as origens de seus bairros e a vida e obra dos patronos de seus logradouros públicos. Fez parte, também, das comissões municipais de Literatura, de Artes Plásticas e do Plano Diretor e ocupou a vice-presidência da Fundação Casa da Cultura. Em 1992, financiou a criação da Escola de Artes Dramáticas de Jundiaí (EADJ). Desde 1987, De Paula faz parte da Academia Jundiaiense de Letras, ocupando a cadeira de nº 37, que tem como patrono o professor José Leme do Prado. Além de poesias, crônicas e contos publicados em Letras Acadêmicas, o livro editado anualmente pela A.J.L., Celso de Paula é autor de obras como “Batendo na Bigorna – Pela Cultura e Pelo Voto Consciente” (1992); “Anuário Jundiaiense de Artes Plásticas” (1997, 1998 e 1999); “Dicionário Jundiaiense de Música”, “Dicionário Jundiaiense de Artes Cênicas” e “Dicionário Jundiaiense de Literatura” (1999), além da “Enciclopédia Cultural De Paula”, publicada em 2006, em três volumes, com mais de três mil verbetes e fotos de pessoas, instituições e eventos relacionados com as artes, a cultura e a história de Jundiaí. A Enciclopédia De Paula deu origem ao site JundPédia ao ser vertida para a internet em 2022. Celso de Paula é Cidadão Jundiaiense por força de Projeto de Decreto Legislativo aprovado pela Câmara em 1985. Além do Magistério, cursou Direito na UniAnchieta.

1968: Recebendo o diploma do Curso de Habilitação ao Magistério
1973: Com Carvalho Pinto, em visita às oficinas do Jornal de Jundiaí
1966: Recebendo na passarela a Rainha dos Estudantes de Araraquara
1969: Com a Profª Jenny Sampataro, Chãins Duarte, Mariazinha Congïlio e Carlos Úngaro: jurado do Festival de M.P.B. em Jundiaí
1985: Recebendo o título de Cidadão Jundiaiense das mãos de Lázaro Rosa
1991: Com Álvaro de Moya e Gedeone Malagola: realização do I Salão Nacional do Humor em Jundiaí
1999: Lançamento dos livros de Rô Furkin, Marcelo Cid e Cícero Correia
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EFEMÉRIDES
Em 26 de julho de ...
1892 Nascia em Jundiaí o professor João Duarte Paes.
1904 Nascia em Jundiaí a pianista Maria Paes Costa.
1906 Nascia em Jundiaí o ator João Saltori.
1926 Falecia em Jundiaí, aos 70 anos, Boaventura Mendes Pereira, chefe político na cidade.
1927 Nascia em Jundiaí o músico e compositor Eraldo Pinheiro dos Santos.
1962 Falecia em Jundiaí, aos 67 anos, o jornalista e dramaturgo José Aparecido Barbosa (Juquita Barbosa).
1969 Falecia em Jundiaí, aos 56 anos, o músico Antonio Carelli (Nhô Zinho).
1970 Nascia em Jundiaí a musicista Luciana Feres Naguno.
1982 Falecia em Campinas-SP o ferroviário e voluntário de causas sociais Vicente Breternitz.

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