(Noventa Di Piave, Itália, 1847) – Patriarca da família Cereser no Brasil. Santo deixou a Itália em junho de 1887, como tantos de seus patrícios contemporâneos, motivado pela promessa de encontrar na América os meios de subsistência e prosperidade que faltavam em seu país. Recém-unificada, a Itália passava por um período de grandes dificuldades, com milhões de desempregados, tanto no campo como nas cidades. O Brasil, por sua vez, incrementava a substituição da mão-de-obra escrava por trabalhadores livres, incentivando a vinda de emigrantes europeus, tendo em vista manter sua liderança como país exportador de café – produto que alcançava alto preço no mercado internacional. Santo, casado e com sete filhos, decidiu vir para o Brasil, mas sem trazer, de imediato a sua família, pois desejava certificar-se, primeiro, das reais condições que teria de dar a ela um futuro mais promissor. Fixou-se, inicialmente, na Fazenda Sete Quedas, na região de Campinas, onde, após suas tarefas habituais na lavoura de café, dedicava-se ao plantio de videiras, cujas mudas trouxera da Itália. Sua esposa, Maria Piacentini, e os filhos Carolina, Luigia, Giulia, Humberto Massimiliano, Ema, Antônio e Sofia chegaram ao Brasil em 24/6/1888. Santo foi recebê-los no porto de Santos e, na volta, parando em Jundiaí para visitar alguns patrícios, combinou com Giambaptista Baldin, a aquisição do Sítio Três Marias, localizado no bairro do Caxambu, o qual pagariam, a prazo, com a exploração da lenha existente na propriedade. Ainda por algum tempo, Santo continuou na Fazenda Sete Quedas. Por fim, vindo para Jundiaí com toda a família, iniciou a sua vinha no bairro do Caxambu, servindo-se das mudas que trouxera da Itália e que já haviam gerado um vinhedo com cerca de 500 plantas na fazenda onde antes trabalhara. A vinha do Sítio Três Marias logo ganhou fama, vindo a traçar o destino da família Cereser no Brasil. A continuidade da obra iniciada por Santo teve como principal baluarte o seu filho Humberto Massimiliano, de cujo casamento com Quintilha Leone nasceram João, Rosa, Santo e Humberto Venerando Cereser, seguidores do mesmo lema criado por ele: “O campo é vasto. Lutemos com dignidade pela nossa parte”. A Humberto e a seus filhos coube a tarefa de expandir as plantações de uvas finas e iniciar a produção de vinho em escala industrial, dando origem à empresa vitivinícola que hoje leva os nomes da família Cereser e de Jundiaí a serem conhecidos em várias partes do mundo, pela qualidade dos vinhos que produz, entre os quais se destaca o espumante de sidra, que se tornou tradicional nas festas natalinas e em outras comemorações.