ZANON, FÁBIO

(Jundiaí, 6/3/1966) – Violonista. Filho de Osmindo Zanon e Marisa Pedroso, Fábio Zanon fez o 1º grau na EEPSG Conde do Parnaíba e o 2º grau na EEPSG Profª Ana Pinto Duarte Paes. Começou a interessar-se por música clássica entre os sete e oito anos de idade, acompanhando programas apresentados pela Rádio e Televisão Cultura. Aos nove anos, aprendeu as posições do violão com seu pai, violonista amador. Aos 12, ingressou na Academia Infantil de Letras e Artes de Jundiaí (AILA), a fim de dar vazão a seus dotes literários. Em uma das reuniões da AILA, na Sociedade de Música Pio X, conheceu o violonista Antonio Carlos Guedes de Oliveira, que veio a ser seu primeiro professor e o grande impulsionador de sua carreira. Estudando com Guedes, aos 14 anos, já tocava algumas obras de peso, como os Prelúdios e Estudos de Villa-Lobos e as Suítes de Bach. Nesta época, foi convidado para lecionar no Conservatório Pio X e depois, no Conservatório Modelo e na Escola de Música de Jundiaí. Apresentou-se no Museu Histórico e Cultural de Jundiaí, na Biblioteca Municipal Prof. Nelson Foot, no Gabinete de Leitura Ruy Barbosa e na Sala Glória Rocha, bem como em colégios, asilos, hospitais e orfanatos de Jundiaí. Tendo alguns trabalhos publicados através da Academia Infantil, foi convidado a ingressar na Academia Juvenil de Letras e Artes de Jundiaí, continuando, desta forma, em paralelo com a música, a atividade literária. Aos 16 anos, iniciou estudos de teoria, harmonia, composição e percepção com o professor Sílvio Ferraz de Melo Filho, na Escola de Música de Jundiaí. Seu interesse musical foi se expandindo, passando a incluir em seu repertório, peças de Beethoven, Brahms, Scarlatti e Debussy, além de Villa-Lobos. Em 1982, Zanon participou do Seminário Internacional de Porto Alegre, onde estudou com professores de renome mundial, recebendo o prêmio de aluno mais destacado. Ainda em 1982, no mês de outubro, fez seu primeiro concerto-solo oficial no Museu Histórico e Cultural de Jundiaí, apresentando obras de Ponce, Brouwer e Tansman. Também, nessa época, começou a tocar com o flautista Marcelo Barboza. Em janeiro de 1983, recebeu uma bolsa do governo argentino para estudar com o professor Miguel Angel Girollet, em Bariloche. Na ocasião, foi escolhido para o concerto final do curso, apresentando-se no Salão de Concertos da Aerolíneas Argentinas, sendo o seu recital gravado e depois transmitido para toda a Argentina, através de rede nacional de rádio. Em maio de 1983, venceu o Concurso Nacional de Violão da Rio-Arte, no Rio de Janeiro e em 1984, tendo concluído o 2º grau, prestou vestibular na Universidade de São Paulo, a fim de realizar o curso de bacharelado em música. Cursou na USP composição e regência e mais tarde, graduou-se como bacharel em instrumento. Foram seus principais professores nessa época: Willy Corrêa de Oliveira e Mário Picarelli (composição); Oliver Toni e Marco Antonio da Silva Ramos (regência); José Fernando Martins (piano); Jota J. de Moraes (história da música). Prosseguindo seus estudos de violão com o professor Henrique Pinto, participou de inúmeros concertos como solista e camerista, frequentemente em parceria com a cantora Andréa Kaiser. Em 1985 venceu dois importantes concursos nacionais: o Concurso Nacional da Ordem dos Músicos e o Concurso Jovens Solistas da Orquestra Jovem Municipal de São Paulo. Fez sua estreia nesta orquestra, como solista, tocando no auditório do MASP, em São Paulo. Em 1986, prosseguindo seus estudos de violão com o professor Edelton Gloeden, venceu o Concurso Jovens Concertistas Brasileiros, no Rio de Janeiro, concorrendo com outros oitenta candidatos de diversos instrumentos. Neste mesmo período, começou a realizar turnês com as Orquestras Sinfônicas Brasileira, Nacional de Brasília, do Espírito Santo, do Mato Grosso e de Pernambuco, entre outras. Em 1987, estimulado por Sérgio Abreu e Marcelo Kayath, inscreveu-se no Concurso Internacional de Toronto, sendo classificado em terceiro lugar. Foi este o seu primeiro prêmio internacional. No Brasil, participou do III Prêmio Eldorado de Música e chegando à final, apresentou-se com a Sinfônica de Campinas, com transmissão direta pela TV. Em 1988, pouco antes de concluir o bacharelado na USP, venceu, pela segunda vez, o Concurso Jovens Concertistas Brasileiros. Em setembro do mesmo ano, fez sua primeira viagem à Europa, onde participou do Concurso Internacional de Genebra, chegando à semifinal. Duas semanas depois, venceu o primeiro prêmio do Concurso Internacional de Alessandria, na Itália. Retornando ao Brasil, se apresentou em concertos, especialmente de música de câmara, em São Paulo (capital e interior), Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio de Janeiro. Em 1989 foi convidado pela Escola Municipal de Música de São Paulo, para ocupar o cargo de professor de violão, tendo lecionado nessa instituição até 1990. Viajando novamente à Europa, Fábio Zanon participou do Concurso Andrés Segovia, em El Escorial, na Espanha, chegando às finais. Em maio de 1990 obteve o segundo prêmio, além dos prêmios de melhor intérprete de música latino-americano e da obra de Bach, no Concurso Internacional de Havana (Cuba). Neste mesmo ano, Zanon mudou-se para Londres (Inglaterra), sendo admitido em dezembro na Royal Academy of Music para o curso de estudos avançados. Em janeiro de 1991 venceu o segundo prêmio do Concurso Andrés Segovia, em Granada, Espanha e entre julho e agosto deste mesmo ano, fez sua primeira turnê ao redor da Europa, indo da Suécia até a Suíça, como músico itinerante. Em setembro de 1991 iniciou curso de estudos avançados na Royal Academy of Music, como bolsista da CAPES. Seus principais professores foram: Michael Lewin (violão), Dr. Malcolm Hill (estética e matérias teóricas), Denise Ham (regência). Participou de inúmeros Masterclasses, com Julian Bream e outros como ouvinte, como com John Williams, David Russell e Leo Brouwer (violão); Sir Colin Davies, Sir Simon Rattle, Pierre Boulez e Ilia Itin (regência); András Schiff, Alfred Brendel e Stephen Kovacevich (piano). Em junho de 1992 terminando o curso avançado, recebeu o Diploma Royal Academy of Music, a láurea máxima daquela instituição. No mês de setembro, ingressando no curso de mestrado da Universidade de Londres, em paralelo à Royal Academy of Music, também como bolsista da CAPES, apresentou uma tese sobre a influência dos 12 estudos de Villa-Lobos para a composição de violão no século XX. Durante o período na Royal Academy, foi agraciado por duas vezes com o grau de very highly commended por Julian Bream. Em janeiro de 1993 foi selecionado pela Royal Academy para ser o solista do Concierto de Aranjuez de Rodrigo com a Royal Academy of Sinphony Orchestra. Ainda, nesse ano, em setembro, chegou à semifinal do Concurso Internacional de Munique, na Alemanha. Duas semanas depois, completou seu curso de mestrado com láureas máximas em performance, dissertação e arguição. Decidido a permanecer em Londres, ingressou no curso de doutorado, como bolsista da Universidade de Londres. Em 1993 e 1994 participou de vários concursos internacionais, obtendo, entre outros, o segundo prêmio no Concurso Internacional de Viña Del Mar, no Chile; o segundo prêmio no Concurso Internacional de San Remo, na Itália; e o terceiro prêmio no Concurso Internacional de Gargnano, na Itália. Em 1993 iniciou atividade docente na Inglaterra, como professor do St George’s College, em Surrey, permanecendo até junho de 1996. Em março de 1995 realizou seu primeiro concerto no prestigioso Wigmore Hall, em Londres e em dezembro do mesmo ano, foi escolhido para representar o Brasil no Íbero-American International Guitar Festival, no Bolivar Hall, em Londres. Participando ativamente de concursos internacionais, em junho de 1996, chegou à final da Naumburg International Competition, em Nova York. Não obteve o primeiro prêmio, o que provocou desentendimento no júri e revolta do público. No dia seguinte, a crítica o anunciou como o vencedor moral do concurso e foi convidado pela gravadora Music Masters a fazer o seu primeiro CD, para o qual escolheu a obra completa de Villa-Lobos. Apoiado pelo pianista Arnaldo Cohen, iniciou um trabalho de maior participação na vida musical brasileira e realizou, em abril de 1996, uma extensa turnê por várias capitais do País, tocando inclusive no Palácio do Itamaraty. No mesmo ano foi convidado para ser o artista-em-residência do 1º Festival Internacional de Oatridge, na Escócia. Venceu nesta época, o 30º Festival Internacional de Violão Francisco Tarrega da Espanha, apresentando-se como solista da Orquestra Nacional daquele país. No início de outubro de 1996, nos Estados Unidos, venceu o 14º Guitar Foundation of America (GFA) International Competition e, como prêmio, foi contratado para uma turnê de mais de 50 concertos nos EUA e Canadá, na temporada 1997-98. Em 1997 foi convidado para vários concertos na Espanha, Noruega, Suécia, Portugal, Inglaterra e Escócia. Nesse período, também gravou seus três primeiros CDs no Brasil e na Inglaterra. Como reconhecimento pelo seu esforço e sucesso na divulgação internacional da música brasileira, Fábio Zanon foi escolhido, em setembro de 1997, para receber o Prêmio Santista – uma das mais importantes láureas da intelectualidade brasileira, à qual já fizeram jus, entre outros, Oscar Niemeyer, Jorge Amado, Di Cavalcanti, Zerbini e Camargo Guarnieri. A entrega desse prêmio, pela primeira vez conquistado por um solista instrumental, foi feita pessoalmente pelo então governador do Estado de São Paulo, Mário Covas, em cerimônia realizada no Palácio dos Bandeirantes. Zanon atuou como professor em cerca de 30 masterclasses nas principais universidades americanas, incluindo: Mannes College of Music e Manhattan School of Music, em Nova York, University of South Califórnia, em Los Angeles; University of Texas, em Austin; Universitty of Florida, em Miami. Em dezembro de 1997 lançou seu segundo CD, Sonatas Latino-Americanas, pelo selo brasileiro EGTA, no qual incluiu a estreia mundial de Appassionata, de Ronaldo Miranda. Terminada essa turnê, Zanon foi convidado para integrar a Orquestra Filarmônica de Londres, tornando-se o segundo artista brasileiro a atuar como solista daquela orquestra (o primeiro foi a pianista Cristina Ortiz), no concerto de Astor Piazzolla, no famoso Royal Festival Hall de Londres. Em junho de 1998 foi convidado para atuar ao lado do célebre violinista Nigel Kennedy, num importante festival inglês. Ainda neste ano, atuou como professor nos maiores festivais de violão da Europa, incluindo o Festival de Mikulov, na República Theca; o Festival de Oatridge, na Escócia; e o Festival Internacional da Grã-Bretanha, em West Dean. Lançou, em agosto de 1998, na Espanha, pelo selo Naxos, seu terceiro CD, contendo a estreia mundial de Olhos de Uma Lembrança, de Alexandre de Faria. Ainda, em 1998, mereceu matéria de capa na revista Classic CD no Brasil; foi agraciado com o Troféu Moringa pela Pensão Jundiaí e também recebeu homenagem no Teatro Polytheama, por ocasião do lançamento da Orquestra de Câmara de Jundiaí, pela Sociedade Jundiaiense de Cultura Artística. Sua temporada de 1998-99 incluiu uma nova turnê pelos Estados Unidos e Canadá e concertos na Grã-Bretanha, Irlanda, Suécia, Noruega, Espanha, França, República Tcheca, Itália e Oriente Médio, além da sua estreia na Rússia, no Teatro Bolshoi do Conservatório de Moscou. Nesta época também lançou um CD com obras de Bach, Tarrega, Ponce e Faria, através do selo Naxos. Sua temporada em 2000/2001 incluiu concertos em Portugal, Espanha, Itália, Alemanha, Áustria, Romênia, Lituânia, Chipre, Estados Unidos, Canadá, Oriente Médio, além do lançamento do CD Sonatas de Scarlatti. Na temporada de 2002, estreou na República Tcheca, o Concerto nº 2, de Alexandre de Faria; uma nova obra do britânico Robert Keeley, Encantamientos, em Londres; e gravou as trilhas sonoras de autoria de Luís Bacalov (vencedor do Oscar pela trilha de O Carteiro e o Poeta) para os filmes Les Enfants du Siècle (estrelado por Juliette Binoche) e Women on Top. Passando novas férias no Brasil, em novembro de 2002, Zanon apresentou-se com o Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo no Teatro Municipal, junto com o flautista Marcelo Barbosa, como solistas convidados, interpretando Celebração para Flauta e Quarteto de Cordas, de Villani-Cortes; Quarteto Op. 12, de Mendelssohn; e Serestas para Violão, Flauta e Quarteto de Cordas, de Radamés Gnatalli. Suas férias de 2003 incluíram a estreia sul-americana dos Três Gráficos para violão e orquestra, de Maurice Ohana, com a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, um recital no Teatro Municipal do Rio de Janeiro; e o Concerto de Castelnuovo-Tedesco para violão e orquestra, com a Amazonas Filarmônica, no Teatro de Manaus. Na sua última visita ao Brasil, em março de 2005, esteve na Sala Glória Rocha, em Jundiaí, em recital promovido pela Sociedade Jundiaiense de Cultura Artística. Entre os grandes compositores que lhe têm dedicado suas obras incluem-se: Willy Corrêa de Oliveira, Lina Pires de Campos, Alexandre de Faria, Sílvia de Lucca, Robert Kelly, Benjamin Dwyer, Ronald Bruce Smith e outros.  Crítica – “Técnica fluente, grande beleza e variedade de som, resposta emocional finamente controlada, sensibilidade estilística. Resumindo, Fabio Zanon tem de ser reconhecido como membro da mais alta elite dos violonistas contemporâneos.” (Revista Gramophone, Inglaterra, 1998). “Quando se pensava ter ouvido todas as gravações possíveis e imagináveis de Villa-Lobos, aparece uma outra – que é de cair de costas. Inspirador.” (American Record Guide). “Sobre-humano… cada microscópica nuance exala uma cintilante fantasia e é apoiada por rigor intelectual. O teatro veio abaixo.” (Salt Lake City). “Se há alguma dúvida sobre o progresso do violão depois de Segovia, Zanon prova que ele está cada vez mais vivo.” (Seattle). “Zanon revelou todos os diferentes mundos que o violão pode oferecer, sem nunca perder seu sólido senso de ritmo e fraseado. É um dos poucos intérpretes que podem ter a certeza de serem para sempre lembrados pelo público.” (debut no Carnegie Hall, Nova York, 1999).

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EFEMÉRIDES
Em 27 de julho de ...
1889 Nascia em Campinas-SP o músico Argel Ferreira Leite.
1919 Nascia em Anhemby-SP o engenheiro agrônomo e escritor esotérico Joaquim Franco de Godoy.
2000 Falecia em Jundiaí, aos 71 anos, o cantor Durval de Brito Salles.
2000 Falecia em Jundiaí, aos 69 anos, o cantor Mosoer Felício.
2013 Falecia em Jundiaí, aos 84 anos, a cronista literária e de MBP Célia de Freitas.

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