(Jundiaí, 2/12/1865 +São Paulo, 29/1/1921) – Escritor. Filho do major Estanislau de Oliveira de Queiroz e Francisca Maria Soares. Venceslau de Queiroz fez os seus primeiros estudos no Seminário Caraça, em Minas Gerais. Em 1883, matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo, mas não pôde fazer sua carreira jurídica, em virtude de uma debilidade, que o inquietou por longo tempo. Em 1890, conseguiu receber o grau de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais. Desde o colégio dedicou-se ao jornalismo, tendo escrito para A Ideia, A República, A Vida Paulista, O Ensaio Literário e outras publicações, nas quais teve como companheiros Luiz Murat, Assis Pacheco, Horácio de Carvalho, Alberto Torres e Vicente de Carvalho. Em 1887, junto com Olavo Bilac, Raimundo Correia e outros, lançou A Violeta e, com esta publicação, os fundamentos do movimento simbolista no Brasil. Também militou no Diário Mercantil e no Correio Paulistano, do qual foi redator-secretário. Em 1906, secretariou o Jornal do Commércio. Em 1883, quando iniciou o curso de Direito, publicou uma plaqueta de 32 páginas, contendo 11 poesias, intitulada Goivos, que foi impressa na tipografia do Jornal do Commércio. Suas qualidades de poeta vieram confirmar-se, mais tarde, em 1890, ano de sua formatura, com a publicação de seu segundo livro, Versos, editado por Teixeira & Irmãos. Este livro, bem maior que o primeiro, foi dedicado à sua esposa, Adelaide Santos Diniz, com quem se casou pouco antes de se formar. Mais tarde, tornando-se crítico de arte, popularizou-se por sua acurada maneira de observar e entender. Quando não se tratava de artigos de responsabilidade individual, Venceslau ocultava-se sob diferentes pseudônimos, como: Saulo, Homerium, Lúcifer, Frei Tomaz, João Crespo, Colombina, Dr. Pangloss, Griff – nomes que ficaram famosos na imprensa da época. Como poeta, foi um reconhecido artista, por livros como Heróis, Poesias Patrióticas e Sob os Olhos de Deus. Ao morrer, tinha prontos mais os seguintes: Cantilenas, Páginas Volantes, Literatura de Ontem e de Hoje, Primas e Rezas do Diabo. Como colaborador de diferentes jornais, apresentou-se nas colunas de O País, A Semana, A Quinzena Paulista, O Estado de São Paulo, O Diário Popular, A Gazeta do Povo, O Constitucional e A Cena Ilustrada (de Florença-Itália). Foi membro do Conselho Superior de Instrução Pública (eleito para dois triênios), deputado estadual e juiz federal substituto. Paralelamente ao exercício desses cargos, dedicou-se ao ensino de estética, psicologia, literatura e poética no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Em sua homenagem, foi instituído em Jundiaí, para ser comemorado na data do seu nascimento (2 de dezembro), o Dia do Escritor Jundiaiense. Abaixo, um dos seus sonetos:
Nada te digo, nem te direi… Mas penso
Que o meu olhar, quando em teus olhos pousa,
Te revelam em segredo alguma cousa,
Alguma cousa deste amor imenso.
Minha boca – bem vês – como uma lousa,
É muda, embora num desejo intenso
Arda meu coração como um incenso,
Envolto no mistério em que repousa…
Que outros proclamem seu amor em frases
De fogo, alçando a voz enternecida,
Cheio de gestos e expressões falazes…
Eu… não… nada te disse, nem te digo…
Mas sabes que este amor é minha vida
E que em silêncio morrerá comigo…