(Jundiaí, 29/1/1896 +18/9/1964) – Pintor, cenógrafo e caricaturista, autor da Bandeira de Jundiaí. Filho do professor José Augusto de Faria Paes e de Maria Duarte Paes, Diógenes desde criança demonstrou uma grande inclinação e vocação para a pintura, atributo herdado de seu avô paterno, o professor João Batista de Faria Paes – que foi bastante solicitado para pintar retratos de personalidades de destaque na sociedade local, por ocasião de comemorações cívicas, como também para as figuras de santos para as festas religiosas, bandeiras de São João e ex-votos de todos os tamanhos e feitios. Também seu tio Júlio Batista Paes, teve em Jundiaí a mesma fama de pintor e cenógrafo. Passando a infância ao lado desses artistas – seu avô e seu tio – Diógenes acabou alcançando notáveis conhecimentos das belas artes, como ainda, conhecimento de outras línguas, tais como o inglês, francês e o espanhol. Mas era a pintura sua maior dedicação e interesse, tanto que, antes de completar 17 anos, foi convidado para pintar o cenário e pano de boca para o Teatro Rio Branco, trabalho este que lhe valeu elogios dos frequentadores daquela antiga casa de diversões de Jundiaí. Em 1918, sendo chamado para servir o Exército, foi incorporado à 6ª Companhia de Metralhadoras, sediada na cidade de Rio Claro-SP. Os oficiais, notando suas excelentes qualidades de pintor, transferiram-no para o 4º B.C., em São Paulo, para que ali colaborasse com seus trabalhos na recém-criada Revista do Exército. Mais tarde, frequentou cursos de Belas Artes em São Paulo e no Rio de Janeiro, estudando pintura com o artista inglês John Appleby e com o brasileiro Antonio Rocco. Destacou-se, particularmente, como caricaturista, inclusive ilustrando conferências com seus desenhos, uma prática bastante em voga nos anos 20. Também, nessa época, passou a colaborar nas revistas A Cigarra – quando ainda era vivo o seu fundador, o jornalista Gelásio Pimenta – e O Cruzeiro e nos semanários humorísticos cariocas Cá e Lá e Don Xiquote (este, dirigido por Bastos Tigre), onde assinava seus trabalhos com o pseudônimo Tamoio. Também chegou a fazer desenhos para a Companhia Telefônica Brasileira, em São Paulo, mas se viu forçado a reduzir a atividade artística, pois esta não lhe dava retorno suficiente para sobreviver. Veio, então, ser professor de taquigrafia no Colégio José Bonifácio, em Jundiaí. Depois, por seu perfeito domínio da língua portuguesa, conseguiu empregar-se como secretário da diretoria de uma grande empresa de São Paulo, emprego que, entretanto, acabou deixando para dedicar-se inteiramente à pintura. Por essa época (1931), era ele quem se colocava à frente da famosa Bandinha Aurifulgente, em sua primeira aparição na cidade. Em 1932, ele reiniciava seu trabalho junto à imprensa de São Paulo e do Rio de Janeiro, quando irrompeu a Revolução Constitucionalista, prejudicando novamente a sua carreira. Em torno dessa epopeia, porém, produziu trabalhos que se tornaram célebres, tal aquele em que representou o capacete de aço do soldado constitucionalista, o qual foi publicado pela revista A Cigarra e depois reproduzido em cores no Álbum de Família – uma obra histórica dos combatentes de 32. Projetando-se como exímio aquarelista, e depois como retratista, Diógenes teve suas obras expostas diversas vezes no Salão Paulista de Belas Artes, inclusive, ali conquistando Medalha de Prata em 1947. Alcançou, no correr de sua carreira artística, o mais extraordinário sucesso com as aquarelas e guaches em que fixou cenas de motivos essencialmente folclóricos de sua terra natal: Esses trabalhos valeram a inclusão de sua biografia na obra de Felix Coluccio, Folcloristas e Instituiciones Del Mundo, publicada na Argentina. Suas obras foram mostradas por muitas vezes no Museu de Arte Assis Chateaubriand, na Galeria Itá e no saguão do Teatro Municipal de São Paulo, como também nos salões oficiais do Rio de Janeiro, Ribeirão Preto, Santos, São José do Rio Preto e Jundiaí. Em 1953, obteve o 1º lugar no II Salão Jundiaiense de Belas Artes, que foi realizado conjuntamente com a Exposição Vitivinícola e Industrial. O poeta Corrêa Júnior assim escreveu sobre sua arte: “As aquarelas de Duarte Paes, além do seu valor específico, são um documento da filosofia urbana da Paulicéia do nosso tempo; constituem um mostruário magnifico desta cidade inquieta em que o progresso apaga, dia a dia, os traços mais representativos do seu passado arquitetônico. Artista como este precisa ter suas obras divulgadas e louvadas.” Além de pintor impressionista, Diógenes não se desinteressou da arte moderna, sobre a qual admitiu: “É natural e inevitável, pois a arte, como expressão humana que é, não fica à margem da evolução da própria humanidade.” Nelson Foot, professor e filólogo, assim se referiu ao artista, em uma de suas crônicas: “Os grandes homens consubstanciam em si toda a coletividade em cujo seio brotaram e floriram e fruticaram. Há na espiritualidade de cada grupo humano um sentido que só chega a definir-se através da expressão de uns poucos de seus membros, bafejados pelo sopro da genialidade. Diógenes foi um desses seres geniais: já o seu próprio nome implicava a predestinação de “o de raça divina”, que é seu significado em grego. Em seus quadros mostra-se Jundiaí e sua gente de forma integral e em toda a sua história: a sua paisagem de ontem e de hoje, os seus tipos populares, a sua religiosidade patente nas festas de Igreja, as intermináveis conversas de farmácia, tudo revivido com a perspicuidade da galhofa em policromia, numa perpetuação da face caricata do modelo. E, como se não bastar o multiforme de sua arte, ainda é ele que, dentro de profunda conceituação, idealiza e realiza a bandeira de Jundiaí. Lembra-me a satisfação que deixava transparecer com saber que fora o seu trabalho que lograra a primeira classificação. É que, por certo, se sentia perpetuado na imagem da terra que tanto amou.” Sobre ele também escreveram: Alceu Pontes – “…Entre inúmeras produções de real valor artístico, (Diógenes) deixou para a posteridade a famosa ‘Pharmácia da Boa Prosa’ que, na opinião abalizada de Alceu Maynard Araújo, é o “único documento iconográfico sobre o areópago provinciano do Brasil’ – a antiga e modesta botica da cidade provinciana.” Amadeu Accioly: “Diógenes foi excelente paisagista, porém sua maior força artística se expande fluida e nítida, bem construída e delicada, na suave delicadeza dos ajuntamentos onde o humor transmuda na graça virginal da piada sutil. O Diógenes possuía uma excepcional capacidade de inteligência, trabalho e criação.” Prof. Nelson Foot (após a morte do pintor): “Partiu-se uma paleta. Caiu um pincel. Todavia, a harmonia das formas e a arcoirização das telas do pintor permanecerão, para todo o sempre, a refletir a sinfonia das cores em sua alma que a natureza criou para a alegria dos homens e a beleza da vida.” E Diógenes foi também poeta e cronista, tendo retratado nos seus versos – tal como em suas aquarelas – a Jundiaí que o viu nascer. A Revista de Jundiaí, publicada pelo Jornal de Jundiaí, em 1985, por ocasião da passagem do 330º aniversário de elevação de Jundiaí à categoria de Município, trouxe estes dois sonetos, por meio dos quais Diógenes expressou seu amor pela terra natal. O poema Cromo foi dedicado ao seu amigo de todas as horas, Jurandyr de Souza Lima.

Cromo

Para o Juranda

O rosicler da tarde desfalece,

De fábricas sem conta, de oficinas,

subitamente irrompem serpentinas

estrídulas. E o agudo som, que cresce,

sobe e perde-se no ar. Moças, meninas,

gente que canta e cose e fia e tece,

de alegria festiva em farta messe,

aos bandos cruzam praças, ruas, esquinas.

Em pausado ritual vai se apagando,

longe, azulínea, a Serra do Japi.

Quiméricas safiras despontando

já escondem teus vinhedos, Jundiaí;

e estrelas, aos milhares, vão chegando.

Anoitece na Terra em que nasci.

Minha Terra

Para o Plínio e o Nenê

O ônibus corre e corre, até que enfim

toda a estrada, à direita, vai florindo

em crescendo e termina num jardim

que se destaca ao longe, alegre, lindo!

É desse jeito, exatamente assim,

que sempre quando a Jundiaí vou indo,

essa Terra, de enlevos para mim,

a meus olhos ressurge em sonho infindo.

E, alma da Terra ou força hereditária

que ali me prende numa extraordinária

e imensa devoção pela cidade,

do seu chão, num requinte de vaidade,

julgo ouvir, aos meus próprios passos dados,

ressoar passos dos meus antepassados.

A Escola de Nhazinha Gata, aquarela de Diógenes Paes 
A conversa na farmácia, outra aquarela de Diógenes 
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EFEMÉRIDES
Em 13 de outubro de ...
1908 Nascia em São Roque-SP o músico e arranjador Domingos Semenzato.
1913 Nascia em Roma-Itália o músico José Caviglia.
1920 Nascia em Lau Michele di Ramera, Itália, o pintor sacro Bruno Di Giusti, responsável por toda a decoração da Igreja Matriz da Imaculada Conceição (Vila Arens).
1920 Nascia em Lau Michele di Ramera, Itália, o pintor sacro Bruno Di Giusti, responsável por toda a decoração da Igreja Matriz da Imaculada Conceição (Vila Arens).
1953 Nascia em Jundiaí o jornalista e escritor Pedro Fávaro Jr.
1961 Nascia em Guariba-SP o desenhista, pintor e escultor Paulo Roberto Carvalho.
1973 Falecia em Jundiaí, aos 38 anos, o pintor, desenhista, escultor e gravador Maurício Dumangin Mojola.

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