(Espírito Santo do Pinhal-SP, 10/5/1924 +Jundiaí, 10/6/1998) – Professor, poeta e cronista literário. Fábio Mendes desempenhou as funções de professor em várias cidades paulistas, até fixar-se em Jundiaí, onde já chegou casado com a também professora e poetisa, Ermínia Serafim Mendes. Aqui, prosseguiu sua carreira no magistério, lecionando em diversos estabelecimentos, até, por fim, aposentar-se como diretor na E.E.P.G. Profª Benedita Arruda. Paralelamente ao ensino, sempre se dedicou à poesia e à crônica literária, publicando seus poemas, resenhando ou prefaciando livros e mantendo correspondência com poetas de todo o país. Fez parte das Academias Piracicabana, Pinhalense e Jundiaiense de Letras – tendo sido desta um dos fundadores. Seus trabalhos poéticos vieram constar de diversas antologias e publicações culturais do país, além de comporem um total de cinco livros próprios: A Planície (1ª ed., 1961; 2ª ed., 1967; 3ª ed., 1973); Painel e Palavra (1963); Trilema (1964); Aldeia do Esquecimento (1964); Os Convivas de Junho (1966) e Rio Recluso (1ª ed., 1969; 2ª ed., 1977). Participou de diversas antologias, tais como: Antologia Piracicabana (vol. 1, 1960); Coletânea Jundiaiense de Poesia (1964); Poetas da Cidade, vol. 1 (1970); Nova Antologia Brasileira da Árvore (1974); Antologia Poética de Jundiaí (1979). Foi incluído na série antológica italiana Poesia del Brasile d’Oggi (nº 3). Bastante respeitado no meio acadêmico, por sua postura moral e intelectual, Fábio Mendes foi um referencial para os novos escritores, que frequentemente o procuravam em busca de orientação, de uma apresentação ou de um prefácio para o lançamento do primeiro livro. Ao expressar seu sentimento pela perda do colega de lides literárias, afirmou Adelino Brandão, no Jornal de Jundiaí de 13 de junho de 1998: “Fábio Rodrigues Mendes, falecido dia 10 de junho, não era apenas um poeta, como dizia o necrológio. Mas um grande poeta. A meu ver, o maior dos poetas de Jundiaí, em nossa época. Tive oportunidade de dizer e afirmar, por escrito, ao lhe analisar textos poéticos, em colunas literárias publicadas na imprensa local. Moderno lírico, espiritualista, conciso, e de extrema precisão verbal. Um artista da palavra. Vivêssemos numa comunidade menos alienada em relação aos seus valores intelectuais, artísticos, literários, e a obra de Fábio Rodrigues Mendes seria presença obrigatória em todos os cursos, cursinhos e cursões, oficiais e particulares, nas faculdades e cursos de Letras, colégios e preparatórios aos vestibulares.”
Dois poemas de Fábio Mendes:
Ausência e Permanência
Perdida a forma
estarei na memória
De velhas cogitações
e buscas imponderáveis
De antigas sombras
e desejos celestes
Lá
onde o sol
não tem princípio
estarei
Vencida a morte
estarei na vida
onde
em renascimentos
surpreendentes
encontrarei novos caminhos
nos mundos intocados
nos mundos sutis
(9/7/1952)
Elegia para um Mestre-escola
De flores e verbos
nascerá o buquê
(E um longo roteiro
de memórias
e reverências.)
De sonhos e clarins
nascerá a lágrima
(E o heroico caminho
de bandeiras e jasmins.)
De gestos e números
restará o livro
(Perpétuo
na quietude do jardim.)
(21/9/1955)