(Jundiaí, 24/5/1880 +17/8/1962) – Jornalista e escritor. Filho de Antonio Brites Figueiredo e Elisa Figueiredo. Só pôde iniciar seus estudos aos 15 anos, quando foi instalado em Jundiaí o Grupo Escolar Siqueira Moraes, mas não foram precisos mais que dois anos para que tivesse o diploma do curso primário completo. Já então, João Baptista começou a revelar o seu pendor para o jornalismo, produzindo com colegas de escola os jornais manuscritos Tribuna Escolar, O Poeta e Lyra Juvenil. Jovem ainda, começou a exercer o magistério, lecionando gratuitamente numa escola noturna mantida pela Loja Maçônica Luz e Humanidade (hoje, Amor e Concórdia), na qual chegou ao cargo de diretor. Em 1902, foi nomeado professor público municipal, com exercício na Escola do Núcleo Colonial Barão de Jundiaí, atual bairro da Colônia. Ainda no começo do século XX, tornou-se também funcionário da antiga Companhia Paulista de Estradas de Ferro, e em 1913, passou a atuar como rábula (advogado provisionado) nas comarcas de Jundiaí, Atibaia, Campinas, Itatiba e Bragança Paulista. De 1926 até quase o fim de sua vida, foi consultor jurídico e procurador da Prefeitura de Jundiaí. Seu provisionamento definitivo para o exercício da advocacia em todo o Estado de São Paulo foi deferido em 1944, quando já contava com 64 anos de idade e mais de 40 de militância jurídica. Sua carreira no jornalismo transcorreu em paralelo com essas atividades, a partir de 1900, quando manteve no jornal O Commércio de Jundiaí uma seção de crítica intitulada Botocadas, bastante lida na época. Também, nos primeiros tempos de sua carreira, fundou o periódico literário O Vagalume, no qual publicava suas crônicas e poesias, e colaborou nos jornais A Cidade de Itu, Commércio de Campinas, Tribuna Popular, de Itapetininga-SP, e na revista A Semana, além de atuar durante mais de 25 anos no jornal Folha, de Jundiaí, onde exerceu o cargo de diretor-secretário. Em 1912, escreveu a crônica Reflexões, com um total de 40 linhas, sem utilizar, uma só vez, a letra “a”. Dedicou-se, ainda, ao charadismo, assinando suas colunas com o pseudônimo Polidamas. Além de criar, solucionava com facilidade qualquer tipo de charada, tanto que se tornou campeão estadual desta modalidade, em um concurso realizado em sua época. Em 1911 e 1912 publicou o Almanaque de Jundiaí. Em 1926, deixou A Folha para fundar seu próprio jornal, denominado A Comarca, que funcionou sob sua orientação até 1959. Publicou, através de seu jornal, mais de mil crônicas, todas elas assinadas com o pseudônimo Caio Telha. Também colaborou na revista mensal A Sultana, dirigida por seu filho Casemiro Brites Figueiredo, assinando suas crônicas e artigos com o pseudônimo João Rosa do Prado. Em 1928, em parceria com o historiador Alceu Pontes, lançou o primeiro Anuário de Jundiaí. Em 1938, recebeu Diploma de Mérito da Associação Paulista de Imprensa e em 1939 foi contemplado pela Associação de Imprensa Periódica com o Diploma de Benemerência. Em 1947, recebeu homenagens do Gabinete de Leitura Ruy Barbosa e da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, além de ter o seu retrato colocado no salão nobre da Prefeitura Municipal, juntamente com os de outros dois grandes jornalistas do seu tempo, Secundino Veiga e Tibúrcio Estevam de Siqueira . Dotado de cultura bastante vasta, seus escritos abrangeram os mais diversos gêneros literários, da poesia à crônica, do conto ao romance, da comédia ao drama. Três de seus livros foram resultados de reportagens que fez para A Comarca: Maria Polito, no qual narra a tragédia dessa mulher que morreu esfaqueada pelo marido e em cujo túmulo, até hoje, fazem-se rezas e oferendas por milagres concedidos; O Caso Misterioso do Poço de Rocinha, contando a história do poceiro Cândido Isaías, que morreu soterrado em um poço no antigo Bairro da Rocinha, atual município de Vinhedo; e A Pavorosa Tragédia de Monte Serrat, narrando o desabamento do morro de Monte Serrat na cidade de Santos. Deixou, entre outras obras inéditas: Poetas e Historiadores Brasileiros (coleção de biografias); Idiotismos (poesias diversas); Reflexos da Alma (prosa); Diário de um Boêmio (crônicas); A Família Mártir (romance); A Órfã (conto); O Reino de Satanás (fantasia); Além da Queda, Coice (comédia); Folhas de Maio (sonetos); Bosquejos (crônicas); Por Causa do Jacaré (comédia). Também teve passagem pelo teatro amador, atuando na peça A Farda do Marechal Wellington. Estudioso da história de Jundiaí, João Baptista Figueiredo apoiou e liderou inúmeros movimentos populares. Em 1918, quando séria epidemia de gripe assolou a cidade, esteve ele à frente do Serviço de Assistência, ao lado de Antenor Soares Gandra e de João Martins, para dispensar todos os cuidados necessários aos jundiaienses acometidos por aquele mal. Brilhante tribuno, manteve-se, por longos anos, como orador oficial da cidade, tendo lhe cabido, entre outras tarefas, a de saudar Ruy Barbosa, na estação da antiga São Paulo Railway, quando de sua passagem por Jundiaí, em campanha civilista pela Presidência da República, em oposição ao marechal Hermes da Fonseca. Também, no mesmo local, incumbiu-se de saudar o tribuno e político Assis Brasil. João Baptista Figueiredo foi, além de tudo, um filósofo de sua época, que deixou ensinamentos em frases como estas: “O homem deseja ser feliz, mas esquece de desejar felicidade ao seu semelhante, de onde pode promanar a ventura coletiva, porque a felicidade é uma força reflexiva”. “Se amar fosse pecado, o inferno não teria mais lugar vazio, porque não existe vida sem amor. A própria vaga ama a praia.” Seu nome consta em verbetes do Dicionário de Autores Paulistas, de Luís Correia de Melo (1951); do Dicionário Brasileiro de Literatura, de Raimundo de Menezes (1958); e do Dicionário Jundiaiense de Literatura, de Celso de Paula (1999).