(Jundiaí, 1913) – Figura singular do ensino em Jundiaí, Arnaldo Buzzi lecionou matemática durante mais de 40 anos, sem ter feito sequer o curso primário. Sua história teve início em 1919, quando foi para o Grupo Escolar Conde do Parnaíba, ansioso por aprender cálculos. A matemática e a geometria, porém, não eram tão prestigiadas pelo ensino nessa época, como o eram as letras, as artes e a poesia. Frustrado por não aprender o que queria, Buzzi acabou abandonando a escola no ano seguinte, ainda analfabeto. Foi morar em São Paulo, em companhia de uma irmã, e lá, o único emprego que pode ter foi em uma quitanda, e ainda assim não se saiu bem, por não saber sequer as quatro operações básicas da aritmética. Em 19/3/1927, resolveu retornar a Jundiaí, alimentando a ideia de se tornar mecânico. Como era dia de São José, pediu a esse santo que o ajudasse e até lhe prometeu uma esmola anual, caso conseguisse aprender o ofício. Embora, depois, ficasse a dever o cumprimento da promessa, Buzzi conseguiu empregar-se na Auto Ônibus Massagardi, onde logo adquiriu domínio sobre as peças, a ponto de ser chamado para trabalhar na agência Ford, então pertencente a Domingos Del Nero. Como a sua maior dificuldade ainda era fazer cálculos, o patrão fez de tudo para que ele retomasse os estudos, propondo-se, mesmo, a custeá-los, no Ginásio Rosa, onde ele poderia formar-se contador. Buzzi, porém, com a cabeça então voltada para a aviação acrobática, acabou desperdiçando essa chance. Só muitos anos depois, em 1932, foi que ele voltou a animar-se com o estudo, matriculando-se na Escolinha do Prof. Giácomo Ítria, cujo método de ensino era o inverso do normal: primeiro ele ensinava o cálculo infinitesimal, depois, geometria analítica, trigonometria, cálculo diferencial etc, até chegar às quatro operações básicas. Logo, porém, o professor acabou fechando a escola e Buzzi teve que prosseguir sozinho os seus estudos, até entender as profundezas da matemática. Já em 1937, ele começou a fazer-se conhecido como professor, sendo chamado para dar aulas de reforço a alunos com dificuldades no aprendizado de cálculos. Por volta de 1940, também era convidado para lecionar a um grupo de alunos da Escola Normal Livre de Jundiaí, então dirigida por D. Aninha (Ana Pinto Duarte Paes), com o fim de prepará-los para prestarem exames de ingresso em faculdades. Em 1943, já com posto fixo na escola mantida pelo Círculo Operário Jundiaiense, Buzzi seria chamado pelo Delegado de Ensino de Jundiaí, professor Arthur Guelli, para explicar como é que podia estar dando aulas, se sequer possuía o curso primário, quanto mais a habilitação exigida para o exercício do magistério. Dadas as explicações, ele foi aconselhado pelo próprio delegado a prestar exames em São Paulo para ter a sua situação regularizada. Fez isso, ficando habilitado a lecionar em qualquer estabelecimento de ensino, porém, a partir daí, preferiu levar a atividade adiante, dando apenas aulas particulares. Fazia-o em sua própria casa ou em casa dos alunos. E assim Arnaldo Buzzi passou a viver exclusivamente do ensino, repassando a futuros doutores e autoridades os conhecimentos que adquirira com o método do professor Ítria. Até o final dos anos 1980, a sua figura era facilmente reconhecida, pela simplicidade dos trajes e pela humildade com que se apresentava, principalmente em alguns pontos da região da Vila Arens.