(Juiz de Fora-MG, 29/5/1934) – Arquiteto e historiador. Filho de João Franco Bueno, classificador oficial de café do Ministério da Agricultura, e da professora Maria do Carmo Guimarães Pellegrini Franco Bueno, de tradicionais famílias de Mogi Guaçu e de Jundiaí, Roberto Franco Bueno nasceu em Minas Gerais por circunstâncias relacionadas com Revolução Constitucionalista de 1932, da qual tomaram parte seu pai e seu tio Floriano (ferido na Serra do Japi). Depois de sufocado o movimento, em que os dois acabaram presos, seu pai foi “promovido” a chefe do Entreposto de Exportação de Juiz de Fora, cumprindo-se, por este modo, a política adotada por Getúlio, como forma de dispersar as lideranças paulistas. Roberto veio para Jundiaí com menos de dois meses de idade e foi batizado pelo Pe. Agnaldo José Gonçalves (que mais tarde veio a ser Cura da Sé), na Igreja de Santa Ifigênia, em São Paulo, em 9/7/1934. Depois de residir algum tempo na Vila Pompeia, retornou para a companhia dos avós, Osmundo dos Santos Pellegrini e Alice Queiroz Guimarães Pellegrini, ficando com eles, por alguns anos, na Fazenda Buriti, hoje município de Itupeva.  Também passou um tempo com seus tios, em Piracicaba, e em 1941 morou em Curitiba (PR), de onde seu pai fiscalizava a exportação no porto de Paranaguá. Ali, com seus sete anos, foi testemunha de um fato notável da Segunda Guerra Mundial: da Ilha do Mel, onde passeava, assistiu às tentativas feitas pelo comando do couraçado ligeiro alemão Graf Spee, de obter asilo naquele porto, a fim de enterrar seus mortos e tratar os feridos na batalha do Atlântico Sul, em que aquele vaso de guerra se envolvera, contra três navios da Armada Aliada (U.S.A. e Inglaterra). Como o asilo foi negado, seu comandante rumou para Buenos Aires e afundou o navio no estuário do Rio da Prata. Voltando a São Paulo em 1942, residiu na Av. São João e depois nas Perdizes. Estudos – Roberto cursou o primário no Parque da Água Branca e no Colégio Batista Brasileiro (1944); iniciou o segundo grau (ginásio) no Colégio Arquidiocesano e o concluiu no Instituto Caetano de Campos (1948), em primeiro lugar na sua turma. Em 1949, cursou datilografia na Escola Underwood e inglês na Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa de São Paulo, onde foi premiado por sua professora com uma condensação das obras de Shakespeare. Aprovado no vestibular da Escola Técnica Federal de São Paulo, fez o Curso Técnico de Edificações, preparando-se para ingressar no Instituto Tecnológico da Aeronáutica. Contudo, desistiu de matricular-se nessa escola, por ser ela, na época, uma escola militar. Mudando-se para Jundiaí, passou a morar com sua mãe e os avós na Rua Senador Fonseca, e a viajar diariamente, para fazer o Cursinho do Grêmio Politécnico, onde foi aluno de Mário Covas e outros futuros expoentes da engenharia paulista, então alunos da Escola Politécnica da USP. Em 1952, ingressou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, como segundo colocado nos vestibulares da área de exatas, o que lhe valeu uma bolsa concedida pelo Governo do Estado, sob o patrocínio do Jockey Club de São Paulo. Durante o curso de Arquitetura, trabalhou no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura, como fiscal (1956/57), bem como, associado ao primo de seu pai, Engº Aristides Bueno, e ao seu colega Arqt. Francisco M. M. Rodrigues Torres, projetou e construiu diversas obras em Jundiaí, tais como a residência do Sr. Jurandir Guinter, na Rua Onze de Junho, e o prédio de Antonio Bossi, na Rua do Rosário, onde funcionou, durante décadas, a Papelaria Santa Terezinha. Formou-se Arquiteto em 1957, ano em que, em conjunto com o Arq. Eugênio Monteferrante Netto, produziu a monografia intitulada Villa Fermosa de Nossa Senhora do Desterro do Mato Grosso de Jundiahy da Capitania de San Vicente, a qual se tornou o ponto de partida para um trabalho mais profundo que vem realizando, com vistas à elucidação de pontos obscuros da história de Jundiaí. Formação complementar – Procurando aperfeiçoar-se culturalmente e elevar a sua competência profissional, Roberto fez diversos cursos e seminários, tais como: Administração de Obras e Edifícios Públicos (Instituto de Engenharia, São Paulo, 1 968); Método de Supervisão T.W.I. (MEC/SENAI, São Paulo, l 969); Dicção e Oratória (Secet, Jundiaí, l 974); Historia da Arte no Brasil (Secet, Jundiaí, l975); Escola Superior de Guerra – II Ciclo (Jundiaí, l976); Engenharia de Avaliações (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia, S. Paulo, 1977); Simpósio sobre a Rodovia dos Bandeirantes (Instituto de Engenharia/DERSA – Desenvolvimento Rodoviário S.A., l978); II Congresso Paulista Sobre a Problemática da Cegueira (Campinas SP, l978); Curso Avançado de Engenharia de Avaliações e Perícias (pós-graduação; Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia, São Paulo, 1978); Tecnologia do Concreto Aparente (IAB/ Associação Brasileira de Cimento Portland, S. Paulo, l979); Rádio Amador Classe “B” (Departamento Nacional de Telecomunicações, S. Paulo, l 979); I Congresso de Desconcentração do Crescimento Industrial e Urbano (IAB/Secretaria de Obras e Meio Ambiente, S. Paulo, l 980); Direito Urbanístico (pós-graduação; Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, 1981/1982); I Encontro de Fiscalização de Obras Públicas (D.O.P. / Secretaria de Obras e do Meio Ambiente, São Paulo, 1984); Seminário Sobre a Utilização do Aço no Campo Social (Instituto de Engenharia da Universidade Mackenzie/Secretaria de Obras e Meio Ambiente, São Paulo, 1985); Seminário Piloto sobre Energia (Fundação Pedroso Horta, Campinas-SP, 1986); Simpósio sobre Planejamento e Orçamento Regionalizado (Fundação do Desenvolvimento Administrativo / Secretaria de Estado da Economia e Planejamento, São Paulo, 1987); II Encontro Nacional de Órgãos de Edificação de Obras Públicas (Departamento de Edifícios e Obras Públicas/Secretaria de Obras, São Paulo, l988); IX Enco – Encontro Nacional da Construção (Secretaria de Obras / Instituto de Engenharia / IAB / CREA, São Paulo, l988). Também fez viagem de estudos à Europa (1970), onde, em dois meses, visitou um total de onze países, conhecendo importantes obras artísticas e arquitetônicas, tanto modernas quanto antigas, bem como, museus, palácios e locais históricos. Atividades profissionais – Roberto Franco Bueno montou seu primeiro escritório na Rua da Padroeira, em sociedade com seu irmão João Carlos e o desenhista Joel de Marco. Fundou e foi diretor superintendente da empresa Bueno S.A. Arquitetura, Engenharia e Comércio, em São Paulo (1959/60), através da qual projetou o edifício de apartamentos construído na esquina da Rua Jaceguai com a Avenida 23 de Maio, em terreno da família Bueno de Azambuja. Em 1966, em sociedade com membros da família Bortolini (tradicionais “frentistas” empreiteiros emigrados da Itália na década de 1920), montou a empresa Merci Mercantil Construtora e Imobiliária, da qual é diretor técnico. Também fundou e foi diretor superintendente da Equipe Empreendimentos Imobiliários S. C. (l 977/82) e do Grupo Técnico Franco Bueno S/C (1978) – escritório de arquitetura e engenharia, no qual muitos egressos das escolas técnicas e superiores cumpriram seus estágios obrigatórios para o ingresso em suas profissões. Atuação no Serviço Público – Ainda recém-formado, Roberto Franco Bueno foi convidado pelo então Prefeito, Arq. Vasco Antonio Venchiarutti, para assumir o cargo de Diretor de Obras e Serviços Públicos da Prefeitura de Jundiaí, vago com o falecimento do Engº Odil Campos Saes. No exercício desse cargo, em que foi mantido pelo prefeito seguinte, Dr. Omair Zomignani (1959), projetou a retificação do rio Jundiaí até Campo Limpo, prosseguindo-a por mais três quilômetros, de Itupeva para Jundiaí; denunciou os convênios feitos com o Estado para a ampliação da Escola Industrial e a construção da estrada para Campo Limpo, em função da futura instalação da Krupp, por serem lesivos ao município, e renegociou as bases desses acordos em condições mais vantajosas para Jundiaí. Participou das discussões acerca da reimplantação da Escola Industrial no Morro do Castelo, do Fórum no Largo de São Bento e da criação da Comissão incumbida de elaborar o Código de Obras e Urbanismo do Município, bem como levantou na Associação dos Engenheiros e no Instituto dos Arquitetos a preocupação com a elaboração de um Plano Diretor para o Município. Nesta ocasião, convidou e recebeu em Jundiaí o engenheiro e urbanista Dr. Francisco Prestes Maia, a quem dedicava amizade e imenso respeito profissional. Atividades no D.O.P. – Convidado pelo Brigadeiro Faria Lima, no início dos anos 60, Roberto licenciou-se da Prefeitura e passou a assessorar a Secretaria de Obras do Estado, no que diz respeito à elaboração dos projetos do Fórum e da Escola Industrial de Jundiaí. Designado pelo Engº Rômulo Gagliardi, então Diretor do Departamento de Obras Públicas, e sob a supervisão do presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador Sillos Cintra, elaborou e viu aprovado o projeto do futuro Palácio da Justiça, o qual, ao ser concluído, foi classificado pelo governador Roberto de Abreu Sodré, como “Fórum modelo do Estado”. Igualmente, com a assistência do Departamento de Ensino Profissional da Secretaria da Educação do Estado, elaborou o projeto definitivo da Escola Industrial Dr. Antenor Soares Gandra. Nessa ocasião, foi designado Arquiteto-chefe da Sub-região de Itapetininga, cumulativamente com a de Jundiaí/Bragança Paulista, do D.O.P. No decorrer dessas lides, concluiu o convênio com o Patrimônio do Estado para o prolongamento da Rua Barão de Jundiaí até a confluência das Avenidas Paula Penteado e Odil Campos Saes, ligando esses pontos importantes da malha urbana de Jundiaí e protegendo a encosta do Morro do Castelo dos deslizamentos, perigosos e prejudiciais à Escola Industrial em construção. Com outro convênio, terminou com a secular querela judicial entre a Prefeitura e o Estado pela posse do Largo de São Bento, definindo os limites de cada qual, demolindo-se o prédio da antiga Câmara e Cadeia e edificando-se o Palácio da Justiça Dr. Adriano de Oliveira. Nesta ocasião, foi nomeado chefe de Serviço Técnico da Sub-região de Jundiaí/Bragança e Assessor de Planejamento do Município de Leme, em comissão. Ambas as obras foram concluídas em 1969, com grandes comemorações, tendo essa fase de sua carreira sido coroada, logo em seguida, com a conclusão e inauguração da agência do Banco do Brasil. Fusão do INPS – Convidado a compor a Comissão Técnica da Fusão dos Institutos de Previdência, em 1971, na área de reestruturação dos programas dos edifícios-sedes do I.N.P.S., Roberto Franco Bueno participou dos trabalhos no Rio de Janeiro, sem remuneração, montando os programas para os diversos tipos de sedes do órgão. Por sua experiência em projetos de prédios públicos, foi então designado para projetar e fiscalizar as construções das sedes regionais do Instituto em Jundiaí e Guarulhos SP, obras essas executadas entre l97l e l978. Outras atividades – Atuou como perito judicial em todas as Varas da Comarca de Jundiaí e como assistente técnico dos mais renomados advogados, que militam ou militaram no Fórum local, por 41 anos. Nessa atividade produziu nada menos que 636 perícias e avaliações em Ações Cíveis; sete em Ações Trabalhistas e Criminais; 11 em Comarcas fora de Jundiaí; e 23 particulares, para incorporação de capital ou venda de sociedades anônimas, e dez grandes partilhas, inventários ou divisões judiciais. Compôs o Júri Popular da Comarca de Jundiaí e foi também Avaliador da Caixa de Previdência da Polícia Militar do Estado de São Paulo e da Carteira de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil S/A. Prestou Consultoria Técnica à Câmara Municipal de Jundiaí em l979 e em 1981/82 integrou a Comissão do Código de Obras e Urbanismo do Município. Durante sua estada por mais de dez anos no Lions Oeste, foi um dos fundadores do Banco de Olhos de Jundiaí e integrou a diretoria do Instituto de Cegos Luiz Braille, sob comando de Marino Mazzei. Em abril de 1975, foi eleito para o Conselho Deliberativo da Sociedade Amigos de Jundiaí e, em seguida, escolhido para o cargo de vice-presidente. Encontra-se, atualmente, no exercício da presidência da entidade, em virtude do falecimento de seu titular. Recebeu o título de Cidadão Jundiaiense, outorgado pela Câmara Municipal de Jundiaí, “em razão dos inestimáveis serviços prestados ao Município e sua profícua atividade profissional”, conforme Decreto Legislativo 248 de 6/l0/82. Em 9/4/1985, foi designado pelo governador do Estado de São Paulo como membro do Colegiado da Administração Regional de Campinas e Jundiaí, bem como representante da Secretaria de Obras e do Meio Ambiente e coordenador da Defesa Civil nesta região. Foi membro do Centro de Estudos de Política de Administração Pública – CEPASP (São Paulo, l986); sócio-fundador e primeiro presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos do Departamento de Edifícios e Obras Públicas do Estado de São Paulo (1988/92); diretor regional do Departamento de Edifícios e Obras Públicas da Secretaria de Obras e Saneamento Urbano do Estado de São Paulo – 5ª Região/Campinas (83 municípios), nos governos de André Franco Montoro (1983 a 1986) e Orestes Quércia (1987 a 1991). Aposentou-se do Serviço Público em 1992, com 35 anos e dez meses de trabalhos prestados ao Estado. Prossegue atuando na profissão, como diretor técnico da Merci, cujo comando exerce desde 1958. É membro do Conselho Deliberativo do Clube Jundiaiense; do Conselho Consultivo do Grendacc (Grupo em Defesa da Criança com Câncer) e do Conselho Fiscal da Sociedade Jundiaiense de Socorros Mútuos da Casa de Saúde Dr. Domingos Anastasio, em Jundiaí.

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EFEMÉRIDES
Em 9 de dezembro de ...
1944 Nascia em Jundiaí o médico, poeta e prosador Régis Cavini Ferreira.
1956 Nascia em Jundiaí o artista plástico Pedro Luiz Sabiá.
1987 Falecia em Jundiaí, aos 74 anos, o arquiteto Ariosto Mila.
1989 Falecia em Jundiaí o saxofonista Juvêncio Silva (Didi Juvêncio).

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