(São Paulo, 2/1/1881 +1º/12/1941) – Agrônomo, criador do Horto Florestal de Jundiaí. Filho do jornalista e teatrólogo João de Campos Navarro de Andrade e de D. Cristina de Afonseca Navarro de Andrade. Sua avó materna era sobrinha de Marília de Dirceu. Foram seus padrinhos de batismo D. Veridiana Prado e o filho desta, Eduardo Prado, o célebre autor de Ilusão Americana. Com poucos meses de vida, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde, em 1883, sofreu a perda do pai, vitimado pela febre amarela. Com o regresso da família a São Paulo, em 1891, matriculou-se no Ateneu Paulista, onde teve, entre seus mestres, Monsenhor Manoel Vicente, orador sacro de grande fama. Em 1895, retornando ao Rio, ingressou no Colégio Militar, do qual, entretanto, foi expulso no ano seguinte, por haver tomado parte no motim de 15 de março. De novo em São Paulo, chegou a trabalhar como revisor de provas tipográficas, mas, sentindo que não era esse o ofício que queria, decide aconselhar-se com seu padrinho, que, então, o encaminha para a Escola Nacional de Agricultura, em Coimbra. No período de estudos em Portugal, por intermédio do padrinho, que o visitava todos os anos, Edmundo foi levado a conhecer Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão e com eles começou a tomar gosto pela literatura. Também, na mesma época, privou do convívio com Antonio Cândido, Guerra Junqueiro, Antonio Feijó, Bordalo Pinheiro e outros escritores e artistas do seu tempo. Após a morte de Eduardo Prado, em 1901, até formar-se, em 1903, os estudos lhe foram custeados pela madrinha, D. Veridiana Prado, que nesse ano mesmo conseguiu que o Conselheiro Antonio Prado – então presidente da Cia. Paulista de Estradas de Ferro – o nomeasse para o cargo de diretor do Horto Florestal, cuja implantação seria feita em Jundiaí, a partir de 1904. Além dos primeiros eucaliptos, Navarro de Andrade plantou em Jundiaí muitas de nossas essências nativas, tais como a peroba, o jacarandá, o jequitibá, o cedro, a cabreúva, a canela e o pinheiro do Paraná, além de espécies exóticas, como o cedro do Bussaco, o carvalho português, a casuarina, a tristâbia, a grevílea e outras mais, num total de 95 espécies, para, do cotejo entre elas, escolher a que se mostrava, economicamente, mais interessante aos propósitos da ferrovia. Destacaram-se os eucaliptos, de tal modo, que já em 1906, havendo a Cia. Paulista adquirido outra gleba de terras em Boa Vista, nas proximidades de Campinas, foram ali também plantados eucaliptos de várias espécies. A experiência feita em Jundiaí, em 1904, rendeu-lhe seu primeiro trabalho em livro, Dunas, o qual lhe serviu, também, para a sua tese de doutoramento. Pela excelência desse trabalho, o governo português houve por bem agraciá-lo com a Comenda de Cavaleiro da Ordem de Cristo, a qual lhe foi entregue pessoalmente pelo então Rei de Portugal. Em 1909, Navarro publicou seu primeiro livro específico sobre a espécie escolhida para o reflorestamento das áreas da ferrovia, A Cultura do Eucalipto e, no ano seguinte, o Manual do Plantador de Eucaliptos. Em 1910, empreendeu viagem de sete meses aos Estados Unidos e a vários países da Europa, estudando tudo o que neles havia com relação aos serviços florestais. Em 1912, publicou outras duas obras: A Utilidade das Florestas e Dinamite na Agricultura. Em 1913, empreendeu outra viagem, esta em comissão do Governo do Estado de São Paulo, visitando o Egito, a Índia, Ceilão, Malásia, Sumatra, Java, Nova Guiné, Austrália, além de diversos países da Europa. Em Sidney, conheceu o diretor do Jardim Botânico, J. Il. Maiden, considerado o maior eucaliptólogo e eucaliptógrafo do mundo, sucessor e revisor da obra do alemão, Barão von Müller. Às vésperas do seu regresso, recebeu de Maiden um precioso herbário, que se encontra no Horto Florestal de Rio Claro, e sementes de 150 diferentes espécies de eucaliptos, as quais vieram servir para novas pesquisas no Brasil. De 144 espécies plantadas por ele, o Serviço Florestal possui 118 e o horto de Rio Claro conta com quatro coleções, sendo três em linha e uma em talhões, plantadas em condições diferentes de terreno. Em 1918, depois de haver instalado mais quatro hortos em terras da Cia. Paulista (em Tatu, próximo de Limeira; em Camaquan, próximo de Rio Claro; em Sumaré e em Cordeirópolis), Navarro faz outra viagem ao estrangeiro, revisitando os Estados Unidos e percorrendo Cuba, Havaí, Japão, Malásia, Ceilão, Índia, Java, China e África do Sul, sempre com a preocupação voltada para a cultura do eucalipto nesses países. Em 1922, vai à França, entra pela Itália, ruma para a Grécia, para a Turquia, a Palestina e o Egito; na volta, para em alguns pontos da Albéria, vai a Gibraltar e de lá a Lisboa. Dessas viagens, experiências e estudos, vão surgindo seus outros livros: Cultura do Café nas Índias Neerlandesas (1914); Questões Florestais (1915); Les Bois Indigènes (em colaboração com Octávio Vecchi (1916); Os Eucaliptos, sua Cultura e Exploração (1918); À Volta do Mundo (1920); Instruções para a Cultura da Juta em São Paulo (1920); O Reflorestamento do Brasil e a Companhia Paulista (1922); O Problema Florestal no Brasil (1923); Café, Juta e Borracha (1923). Em 1924, faz parte da Comissão Encarregada da Debelação da Broca do Café no Estado de São Paulo e publica, em colaboração com Artur Neiva e A. Costa Lima, o Relatório da Comissão Técnica, e com A. Neiva e Antonio Queiroz Telles, Ilustrações Para o Combate da Broca do Café. No ano seguinte, também com Neiva e Queiroz Telles, publica o folheto A Broca do Café. Ainda em 1925, volta aos Estados Unidos pela terceira vez, agora para estudar a possibilidade da fabricação da polpa para papel com madeira de eucalipto. Leva consigo quatro toras de árvores com 15 anos de idade –duas da espécie saligna e duas tereticornis – e as experiências levadas a efeito no Forest Products Laboratory comprovam sua teoria quanto à possibilidade do aproveitamento dessas espécies para tal fim, tanto que um dos tipos de papel obtidos serve para a impressão de parte da edição do Wisconsin State Journal. Em 1927 sai o seu segundo livro com impressões de viagens, o qual reúne uma série de artigos publicados em O Estado de São Paulo e em outros jornais do Brasil. Em 1928, recebe a Grande Medalha de St. Hilaire, como recompensa por seus trabalhos na área da silvicultura. Também nesse ano, publica O Eucalipto e Suas Aplicações. Em 1930, sua obra entra nos domínios da citricultura, com a publicação dos livros: Citricultura, A relação acidez-açúcares nas laranjas (1932), A Citricultura no Brasil e Manual de Citricultura (1933). Viriam, ainda, de sua autoria, trabalhos na área da entomologia, tais como: Contribuição para o Estudo da Entomologia Florestal Paulista, Pesquisas Sobre a Biologia da Mosca da Madeira e Praga dos Bambus. Em 1935, instalou para a Cia. Paulista o Horto de Córrego Rico e, em 1936, os de Ibitiúva, Brasília e São Carlos. Em 1937, depois de curta viagem ao Uruguai, criou outros dois hortos: o de Descalvado e o de Tapuia. No ano seguinte, os de Guarani e Aurora. Em 1939, fez sua última viagem à Europa, passando, na volta, pelos Estados Unidos. Ao chegar ao Brasil, publica seu último livro: O Eucalipto. Em fins de 1940, instala em Aimorés, o último e maior dos 17 hortos que criou para a Paulista. Em junho de 1941, meses antes de falecer, foi-lhe concedida pelo Conselho da Associação Genética Americana a Medalha Meyer, instituída para premiar os introdutores de plantas exóticas, de fins econômicos, até então concedida somente 17 vezes e apenas quatro vezes a cientistas não norte-americanos. A par do trabalho desenvolvido junto à Cia. Paulista, Navarro de Andrade ocupou diversos cargos de relevo na gestão pública, como os de Secretário da Agricultura do Governo de São Paulo (entre o final de 1930 e junho de 1931, na interventoria de João Alberto no Governo Paulista), e o de Diretor Geral do Ministério da Agricultura, quando Juarez Távora assumiu como ministro dessa pasta, em 1933. Também, em razão de sua vasta obra na área da literatura, em 1934 foi eleito para a Academia Paulista de Letras, na qual ocupou a vaga deixada com o falecimento de Adolfo Pinto, seu ex-colega de trabalho na Paulista.